Jacampari

AS INFORMAÇÕES BÁSICAS:

O Jacampari é uma vila existente na zona rural do Município de Boa Viagem, sendo a sede do Distrito de Jacampari, distante pouco mais de 72 quilômetros do Centro da cidade de Boa Viagem, no Estado do Ceará.

Imagem da vila do Jacampari, em 2015.

Dentro da divisão politico-geográfica, em relação ao Marco Zero, essa vila está localizada na região oeste do Município de Boa Viagem.

A ORIGEM DE SEU TOPÔNIMO:

Designação toponímica classificada como simples, a sua denominação é uma palavra indígena composta de YAÇÃ ou YACAN (a nascente) + PA (som, percussão, batida, tocado) + RI (liquido, corrente, manante), significando “nascente de águas sonoras” ou ainda “aquele que canta alto e bem”.
Segundo o filologista Luís Caldas Tibiriçá Jacampari derivada de Y-AÇÃ (braço de rio) + PARI (barragem, pesqueiro), significando “barragem do braço de rio” ou “pesqueiro do braço de rio”. Já Silveira Bueno, outro filologista, derivada de JACÃ ou YACÃ (braço de rio) + PARI (jiqui), significando braço de rio no qual o peixe era surpreendido através desse tipo de armadilha.

AS SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:

Em um passado distante, nas primeiras décadas do século XIX, quando o seu território estava dentro dos limites geográficos do Município de Quixeramobim, aos poucos essa localidade, que está na Serra do Catolé, foi sendo habitada por colonos que investiram na criação extensiva de gado e no plantio de culturas como milho, feijão, algodão, mandioca e outras nas encostas das nascentes de rios e riachos intermitentes que irrigam as terras da região, sendo o mais importante deles o Rio Conceição, também conhecido como Rio dos Cachorros.

“Lugar de clima agradável e de povo acolhedor. A localidade está situada no topo da Serra das Matas e possui clima frio… Jacampari [anteriormente denominado de Olinda], foi fundado no dia 14 de agosto de 1855 por Senhorinho Marinho. É o berço da família Felix Marinho, destacando-se o nome do patriarca Francisco Felix Marinho, conhecido como Coronel Felix Marinho. Com uma população de 80 famílias… está situada em uma serra, a 700m acima do nível do mar. Inicialmente chamada de Olinda, pois os primeiros habitantes ao verem aquela serra, um planalto, exclamaram “Óh! linda”, e assim surgiu com esse nome.” (FRANCO & CAVALCANTE VIEIRA, 2007: p. 25-26)

Nessa época, desejosos em receber melhor atenção religiosa e contando com o incentivo financeiro do Agropecuarista Senhorinho Marinho, os seus moradores investiram na construção de uma capela, algo que foi de grande importância para o desenvolvimento econômico e social da região.

“A igreja foi construída por Senhorinho, onde foi sepultado por sua mulher, tem de 180 a 200 anos. Antigamente os padres vinham por acaso.” (FRANCO & CAVALCANTE VIEIRA. 2007: p. 55)

Essa pequena capela, de arquitetura simples, regularmente promovia as suas festas e outras atividades, costumando reunir muitas pessoas, fato que favoreceu a implantação de pequenos comércios e o surgimento de um povoado.

Imagens da vila, tendo ao fundo a bacia da represa que lhe abastece, em 2023.

Mais tarde, no dia 10 de junho de 1892, por conta da emancipação do Município de Boa Viagem, ocorrida no dia 21 de novembro de 1864, na gestão do Intendente José do Vale Pedroza, por meio da lei municipal nº 1, a Câmara Municipal de Vereadores de Boa Viagem criou o Distrito de Olinda.
Nessa mesma época, com a criação desse Distrito o povoado de Olinda, por sua maior capacidade de desenvolvimento econômico e social foi elevado à condição de vila e deu nome ao Distrito.
Pouco tempo depois, no dia 1º de março de 1905, pelo seu grau de importância para o Município, desejando oferecer instrução pública aos alunos em idade escolar dessa região, foi encaminhada para essa vila pelo Governo do Estado a Professora Anna Alexandrina de Sousa, que assumiu a cadeira de ensino misto.

“Mais tarde, por volta de 1902, diante da carência de professores e a flexibilização de algumas regras sociais, começaram a funcionar na Vila de Boa Viagem as aulas mistas, estendendo-se também para a vila de Jacampari, na zona rural do Município de Boa Viagem.” (SILVA JÚNIOR, 2019: p.)

Em 1913 essa vila recebeu a instalação de seu cartório de registro civil, que é o responsável pela escrituração de seus registro de nascimentos, casamentos e óbitos.

Imagem da vila e de sua torre de telefonia, em 2023.

Alguns anos depois, no dia 20 de maio de 1931, na gestão do Prefeito Teodoro Amaro de Oliveira, por conta dos anos de estiagem e da estagnação econômica, o Município de Boa Viagem perdeu a sua autonomia política e retornou a condição de Distrito do Município de Quixeramobim por meio do Decreto nº 193, que foi assinado pelo Dr. Manoel do Nascimento Fernandes Távora, interventor do Estado. Feito isso o Distrito de Olinda foi imediatamente extinto e a a vila de Olinda voltou a condição de povoado.

“O Interventor Federal do Estado do Ceará, Manoel do Nascimento Fernandes Távora, considerando que a atual organização municipal deve ser modificada por não atender ao interesse público; Considerando que, para a constituição de qualquer município, se torna necessária uma população nunca menor de quinze mil habitantes, uma renda anual não inferior a trinta contos de reis e outros fatores de valor; Considerando que muitos dos atuais Municípios não preenchem esses requisitos, sendo meras expressões territoriais, sem vida própria. Considerando que, dest’art, para proporcionar aos municípios uma existência normal, se impõe a supressão de alguns deles, decreta: Art. 1º – O território do Estado divide-se, administrativamente; em 51 Municípios e estes em distritos. Art. 4º – Ficam extintos os seguintes Municípios:…. Campos Sales, Conceição do Cariry, Santa Cruz, Várzea Alegre…. Boa Viagem que passará respectivamente a fazer parte do Município de Quixeramobim…” (MOTA, 1989: p. 38-39)

Pouco tempo depois, com a restauração da autonomia política do Município de Boa Viagem, por meio da lei estadual nº 260, do dia 28 de dezembro de 1936, o Distrito de Olinda foi a ele restaurado e o povoado de Olinda voltou a condição de vila.
No dia 30 de dezembro de 1943, na gestão do Prefeito Cap. Raimundo Ferreira do Nascimento – interventor estadual, por meio da lei estadual nº 1.114, o Distrito de Olinda passou a ser chamado de Jacampari, tendo a vila também mudado o seu topônimo.
Na época dessa transição de identidade, antes da mudança de topônimo, que foi provocada pelo IBGE – o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, tendo por finalidade diferir o povoado da famosa cidade pernambucana, foi sugerido o nome de Japurá, que foi rejeitado pelos moradores da comunidade.

“Distrito do Município de Boa Viagem-CE, criado pela lei municipal nº 1, de 10 de junho de 1892, com o nome de Olinda. Extinto pelo Dec. Lei nº 193, de 20 de maio de 1931, teve o seu território anexado ao de Quixeramobim. Com a restauração do Município de Boa Viagem foi a ele reanexado, conforme lei nº 260, de 28 de dezembro de 1936. A denominação atual foi aplicada pelo Dec. Lei nº 1.114, de 30 de dezembro de 1943. Foi proposto o topônimo Japurá, rejeitado.” (PELOSI FALCÃO, 2005: p. 373)

Em 1959, segundo informações existentes no verbete que fala da localidade na Enciclopédia GeoEconoVia, essa vila possuía 340 habitantes.
Nos primeiros meses de 1968, na gestão do Prefeito José Vieira Filho – o Mazinho, como ocorria em outras localidades da zona rural, essa vila recebeu investimentos municipais para instalação de sua iluminação pública e domiciliar.

Imagem do Jacampari, em 2023.

Nos primeiros meses de 1983, novamente na gestão do Prefeito José Vieira Filho, essa vila foi beneficiada com a instalação de um posto de rádio amador, possuindo o código 4 do SCBV – o Sistema de Comunicação de Boa Viagem.
Esse equipamento tinha por objetivo facilitar a comunicação de seus moradores com o posto existente na cidade nos casos de emergência médica ou incursão policial, equipamento que foi desativado depois da instalação das primeiras linhas de telefonia fixa, algo que somente ocorreu na década de 1990.
Nessa mesma gestão os moradores dessa vila foram contemplados com o sistema de abastecimento de água potável em suas residências.
Nos últimos meses de 2015, com a expansão da rede de telefonia móvel, essa vila foi contemplada com uma torre, algo que melhorou a sua comunicação por telefone e sinal de internet.
Essa vila, que é o berço do Deputado David Capistrano da Costa, é cortada pelo trecho carroçável da Rodovia Estadual CE-265, algo que facilita o seu acesso para cidade de Monsenhor Tabosa em 18 quilômetros.
Nos primeiros meses de 2023, na gestão do Prefeito José Carneiro Dantas Filho – o Régis Carneiro, algumas ruas dessa vila receberam pavimentação em manta asfáltica.

AS LOCALIDADES DE SUA VIZINHANÇA:

O principal acesso para vila de Jacampari, saindo da cidade de Boa Viagem, é feito por via terrestre por meio da Rodovia Estadual Senador Fernandes Távora, a CE-266, seguindo logo depois por rodovias municipais, que lamentavelmente não possuem nomenclatura que facilitem a sua identificação.

Imagem do mapa da região e de suas localidades.

A vila de Jacampari tem em sua vizinhança as seguintes localidades: Alto Alegre, Recanto e Sítio, estando no limite com o Município de Monsenhor Tabosa.

OS EQUIPAMENTOS EXISTENTES NA VILA:

Na vila de Jacampari, que no presente possui um pouco mais de cinco ruas, os seus habitantes possuem alguns equipamentos para facilitar as suas vidas, bem como a dos moradores de sua vizinhança, sendo eles:

  1. Capela de Nossa Senhora da Imaculada Conceição;
  2. A Escola de Ensino Fundamental Francisco Félix Marinho;
  3. O Açude Público dos Bezerras;
  4. O Cartório de Registro Civil;
  5. Cemitério de Nossa Senhora da Imaculada Conceição;
  6. O Posto da Saúde;
  7. Posto dos Correios.

BIBLIOGRAFIA:

  1. COSTA, Manuel Vieira da. Plano de Governo para o Município de Boa Viagem entre os anos de 1963 e 1967. Boa Viagem: Texto não publicado, 1962.
  2. CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
  3. FERREIRA ROUX, José Renato. GeoEconoVia. 1ª edição. São Paulo, 1959.
  4. FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
  5. MACÊDO, Deoclécio Leite de. Notariado Cearense – História dos Cartórios do Ceará. V II. Fortaleza: Expressão Gráfica, 1991.
  6. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  7. PELOSI FALCÃO, Marlio Fábio. Dicionário Toponímico, Histórico e Geográfico do Nordeste. Fortaleza: Artlaser, 2005.
  8. SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/capela-de-nossa-senhora-do-perpetuo-socorro-ibuacu/. Acesso no dia 23 de setembro de 2019.
  9. SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. A Escola de Ensino Fundamental Maria Auzerina Chaves. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/escola-de-ensino-fundamental-maria-auzerina-chaves/. Acesso no dia 23 de setembro de 2019.
  10. VIEIRA FILHO, José. Minha História, Contada por Mim. Fortaleza: LCR, 2008.

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