A FORMAÇÃO HISTÓRICA E POLÍTICA DO DISTRITO:
O Distrito de Jacampari é o conjunto de quatorze comunidades rurais que anteriormente pertenciam ao Distrito de Boa Viagem, a sede do Município de Boa Viagem.
No dia 10 de junho de 1892, na gestão do Intendente José do Vale Pedroza, por meio da lei municipal nº 1, a Câmara Municipal de Vereadores criou o Distrito de Olinda, o primeiro topônimo desse Distrito.
Com a criação desse Distrito o povoado de Olinda, por sua maior capacidade de desenvolvimento econômico e social, foi elevado à condição de vila e deu nome ao Distrito.
“Jacampari [anteriormente denominado de Olinda], foi fundado no dia 14 de agosto de 1855 por Senhorinho Marinho.” (FRANCO & CAVALCANTE VIEIRA, 2007: p. 25)
No dia 20 de maio de 1931, na gestão do Prefeito Teodoro Amaro de Oliveira, o Município de Boa Viagem perdeu a sua autonomia política e retornou a condição de Distrito do Município de Quixeramobim por meio do Decreto nº 193, que foi assinado pelo Dr. Manoel do Nascimento Fernandes Távora, interventor do Estado. Feito isso o Distrito de Olinda foi imediatamente extinto e voltou a condição de povoado.
“O Interventor Federal do Estado do Ceará, Manoel do Nascimento Fernandes Távora, considerando que a atual organização municipal deve ser modificada por não atender ao interesse público; Considerando que, para a constituição de qualquer município, se torna necessária uma população nunca menor de quinze mil habitantes, uma renda anual não inferior a trinta contos de reis e outros fatores de valor; Considerando que muitos dos atuais Municípios não preenchem esses requisitos, sendo meras expressões territoriais, sem vida própria. Considerando que, dest’art, para proporcionar aos municípios uma existência normal, se impõe a supressão de alguns deles, decreta: Art. 1º – O território do Estado divide-se, administrativamente; em 51 Municípios e estes em distritos. Art. 4º – Ficam extintos os seguintes Municípios:…. Campos Sales, Conceição do Cariry, Santa Cruz, Várzea Alegre…. Boa Viagem que passará respectivamente a fazer parte do Município de Quixeramobim…” (MOTA, 1989: p. 38-39)
Pouco tempo depois, com a restauração da autonomia política do Município de Boa Viagem, por meio da lei estadual nº 260, do dia 28 de dezembro de 1936, o Distrito de Olinda foi a ele restaurado.
No dia 20 de dezembro de 1938, através da lei estadual nº 448, na gestão do Prefeito José Rangel de Araújo, o Distrito de Olinda teve parte de seu território diminuído para criação do Distrito de Socorro, atualmente denominado de Ibuaçu.
Antes disso, em acordo com as informações existentes no livro de protocolos da Prefeitura de Boa Viagem, página nº 83, em ofício enviado ao Departamento de Estatística do Estado, temos noção de algumas informações desse Distrito no final da década de 1930.
“Acuso recebimento do vosso ofício nº 20, de 10 de setembro de 1938. Neste Município existe um Distrito com a denominação de Olinda, o qual, segundo cálculos, possui cerca de 9.000 habitantes.”
No dia 30 de dezembro de 1943, na gestão do Prefeito Cap. Raimundo Ferreira do Nascimento, por meio da lei estadual nº 1.114, o Distrito de Olinda passou a ser chamado de Jacampari.
“Inicialmente chamado de Olinda, pois os primeiros habitantes ao verem aquela terra, um planalto, exclamaram: Olinda.” (FRANCO & CAVALCANTE VIEIRA, 2007: p. 26)
Na época dessa transição de identidade, antes da mudança de topônimo, que foi provocada pelo IBGE – o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, tendo por finalidade diferir o povoado da famosa cidade pernambucana, foi sugerido o nome de Japurá, que foi rejeitado pelos moradores da comunidade.
Nos últimos meses de 1950, na gestão do Prefeito Aluísio Ximenes de Aragão, desejando formar o território do Município de Monsenhor Tabosa, que faz limite com esse Distrito, o Governo do Estado, através de sua Assembleia Legislativa, promoveu a consulta ao governo do Município de Boa Viagem para que esse abrisse mão desse território, que optou por ceder apenas o que atualmente constitui o de Nossa Senhora do Livramento.
“Entre 1936 e 1937 foi criado o Distrito de Monsenhor Tabosa, que já foi chamado de Forquilha e de Telha, sendo esse Distrito pertencente ao Município de Tamboril. Em 1951 ele foi elevado à categoria de Município, desmembrado de Tamboril, mas só foi instalado em 1955. Em 1963 foram criados dois Distritos: Nossa Senhora do Livramento e Barreiros.” (S.N.T)
Algum tempo depois, por meio da lei municipal nº 37, de 29 de agosto de 1960, na gestão do Prefeito Dr. Gervásio de Queiroz Marinho, a vila de Jacampari teve a sua zona urbana delimitada, ficando da seguinte forma:
“a) Perímetro Urbano: Partindo do lado poente da capela segue em linha reta até a casa de Joel Paulino Franco, tendo mais 3 casas residenciais formando um quarteirão. Daí por cima segue por uma cerca de madeira até a cancela encontrada na estrada que segue para Monsenhor Tabosa. Nascente – Partindo da casa de Luiz Franco, situada na margem direita do riacho do Sítio Baiva, atravessando a estrada Boa Viagem/Monsenhor Tabosa até o engenho de propriedade dos herdeiros de Francisco Felix Marinho. Norte – Partindo do quarteirão localizado na margem direita da estrada Boa Viagem/Monsenhor Tabosa e descendo numa linha reta segue para casa de Francisca Felícia, indo daí em rumo certo até a capela. Sul – Da cancela situada na estrada Boa Viagem/Monsenhor Tabosa, seguindo pela rua que reside Pedro Paulino Franco até a última casa da mesma rua, pertencente aos herdeiros de Francisco Felix Marinho.”
No dia 28 de outubro de 1965, na gestão do Prefeito José Vieira Filho – o Mazinho, em uma nova consulta da Assembleia Legislativa do Estado, a Câmara Municipal de Vereadores rejeitou o pedido sobre o interesse de entregar o território do Distrito de Jacampari ao Município de Monsenhor Tabosa.
Por fim, no dia 2 de outubro de 2008, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, por meio da lei municipal nº 1.003, o Distrito de Jacampari novamente teve a sua área territorial diminuída depois da criação do Distrito de Olho d’Água do Bezerril.
Sobre os primeiros habitantes dessa pequena vila o livro “Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender” nos dá a seguinte informação:
“Berço da família Félix Marinho, destacou-se o patriarca Francisco Félix Marinho, conhecido como o Coronel Félix Marinho… Um dos primeiros a habitar o lugar ficou conhecido como Senhorinho e, junto com a sua esposa, construiu a capela onde estão enterrados os seus restos mortais.” (FRANCO & CAVALCANTE VIEIRA, 2007: p. 25-26)
A ETIMOLOGIA DE SEU TOPÔNIMO:
A palavra Jacampari é uma palavra indígena composta de YAÇÃ ou YACAN (a nascente) + PA (som, percussão, batida, tocado) + RI (liquido, corrente, manante), significando “nascente de águas sonoras” ou ainda “aquele que canta alto e bem”.
Segundo o filologista Luis Caldas Tibiriçá o nome Jacampari é uma palavra de origem indígena derivada de Y-AÇÃ (braço de rio) + PARI (barragem, pesqueiro), significando “barragem do braço de rio” ou “pesqueiro do braço de rio”.
Já Silveira Bueno, outro filologista, nos diz que o nome Jacampari é uma palavra indígena derivada de JACÃ ou YACÃ (braço de rio) + PARI (jiqui), significando braço de rio no qual o peixe era surpreendido através desse tipo de armadilha.
BIBLIOGRAFIA:
- CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
- FRANCO, G. A.; CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
- MACÊDO, Deoclécio Leite de. Notariado Cearense – História dos Cartórios do Ceará. V II. Fortaleza: Expressão Gráfica, 1991.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- PELOSI FALCÃO, Marlio Fábio. Dicionário Toponímico, Histórico e Geográfico do Nordeste. Fortaleza: Artlaser, 2005.
- VIEIRA FILHO, José. Minha História, Contada por Mim. Fortaleza: LCR, 2008.
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