Francisca Alves de Morais nasceu no dia 23 de dezembro de 1910 no Município de Boa Viagem, que está localizado no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará, distante 217 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filha de Vicente Alves de Morais e de Maria Franco Alves de Morais.
Desde a sua infância passou a ser carinhosamente chamada pelos seus familiares de “Chicuta”.
Segundo informações existentes no livro B-05, pertencente ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, folha 57v, no dia 20 de setembro de 1926 contraiu matrimônio com Francisco Afonso da Silva, conhecido como “Chico Afonso”, que nasceu em 1880, sendo filho de José João da Silva e de Maria Carolina da Conceição.
Desse matrimônio foram gerados quatro filho, dois homens e duas mulheres, sendo eles: José Iran da Silva, Aleide Morais da Silva, José Jôfre da Silva e Maria Aline Morais Marques.
Nos primeiros anos da década de 1930, residindo na Fazenda Sítio, onde eram proprietários, juntamente com os seus filhos, foi testemunha do conflito armado ocorrido entre o seu marido e o proprietário da fazenda vizinha:
“Andavam ligeiros os últimos meses de 1931… Os dois homens se bateram, corpo a corpo com afiados facões. Um estampido aumentou o horror do drama. O sangue quente escorria dos corpos feridos. Os gritos das mulheres e dos filhos tomaram conta daquela tarde tomada pelo luto. Encontrei o Evangelista Amaro em sua casa. Estava ofegante, perto de exalar o seu último suspiro. O projétil havia varado o pulmão, que expulsava o sangue a cada movimento respiratório. Segurei a sua mão, apertou levemente e disse: – ‘Agora vá ver o seu compadre, que também está ferido. Diga-lhe que peço perdão; eu, por minha parte, já o perdoei’… Saí para casa de Chico Afonso. Infelizmente os seus ferimentos não o mataram. Não o vi… havia fugido… Infelizmente, torno a dizer… Minha comadre Chicuta, junto com os filhos, cortavam corações… Meses depois veio entrega-se à justiça, embora o prefeito e o delegado, Teodoro e Joaquim, fossem irmãos da vítima. Chico foi transferido para a cadeia de Quixeramobim. Fui visitá-lo, era apenas um resto de homem, magro, pálido e triste. – ‘Compadre Antenor, não posso viver… quero morrer. Evangelista não me sai da lembrança. É horrível, meu compadre’… e de cabeça baixa estendeu a mão. Poucos dias depois tentou suicídio cortando o pescoço com um canivete. O meu pai chamou o Dr. Álvaro Fernandes, que fez o tratamento de urgência. ‘Olhe seu Afonso, o senhor só não morreu porque não cortou a carótida. Foi o bastante, Á noite, quando os outros presos dormiam, os pontos foram cortados com gilete, assim como a carótida. Pela manhã, misturado com o sangue, jazia o cadáver de um desventurado.” (BARROS LEAL, 1981: p. 96-97)
Algum tempo depois, no dia 18 de janeiro de 1936, estando viúva, segundo informações existentes no livro B-05, também pertencente ao Cartório Geraldina, tombo nº 2, folha 191v, contraiu novas núpcias, dessa vez com o agropecuarista Francisco Alves Filho, que nasceu no dia 8 de novembro de 1911 e era conhecido pelo apelido de “Chico Boa Hora”, sendo filho de Francisco Alves de Lima e de Santana Filomena Uchôa.
Desse matrimônio foram gerados nove filhos, seis mulheres e três homens, sendo eles: Aury Alves de Castro, Auzely Alves Uchôa, José Alves de Morais, Mozar Alves de Morais, Expedito Alves de Morais, Luíza Maria Alves Campos, Sonia Alves Carneiro, Zuíla Alves de Morais e Celina Alves de Morais.
No dia 29 de julho de 1976, juntamente com os seus familiares, partilhou da dura perda de seu filho, José Jôfre da Silva, que conseguiu exercer diversos mandatos eletivos no Poder Legislativo e era o potencial candidato a prefeito do Município de Boa Viagem no pleito eleitoral de 1976:
“Essa projeção política lhe deu grande evidência social até que, segundo informações existentes no portal de notícias da história do Ceará, quando estava na cidade de Fortaleza, foi covardemente assassinado pelo soldado da Polícia Militar Raimundo Nonato dos Santos, no dia 29 de julho de 1976, com apenas 45 anos de idade.” (SILVA JÚNIOR, 2015: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/jose-jofre-da-silva/. Acesso em 30 de junho de 2016)
Segundo informações existentes no livro C-05, pertencente ao Cartório Geraldina, tombo nº 3.321, folha 163v, faleceu na cidade de Boa Viagem, aos 88 anos de idade, no dia 10 de janeiro de 1998.
Logo após o seu falecimento, depois das formalidades fúnebres que são de costume, o seu corpo foi levado ao mausoléu da família existente no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado na Rua Joaquim Rabêlo e Silva, nº 295, Centro.
BIBLIOGRAFIA:
- BARROS LEAL, Antenor Gomes de. Trágicos Destinos. Fortaleza: Henriqueta Galeno, 1981.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. José Jôfre da Silva. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/jose-jofre-da-silva/. Acesso em 30 de junho de 2016.
HOMENAGEM PÓSTUMA:
- Em sua memória, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei nº 818, de 22 de dezembro de 2002, uma das ruas do Bairro Alto da Queiroz, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.
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