Cristóvam de Queiroz Sampaio

Cristóvam de Queiroz Sampaio nasceu no dia 31 de agosto de 1919 no Município de Boa Viagem, que está localizado no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará, distante 217 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de José de Queiroz Sampaio e de Maria Conceição de Oliveira Sampaio.
Os seus avós paternos se chamavam Francisco Georgino Sampaio e Luiza Rosa de Queiroz Sampaio, já os maternos eram Francisco Nunes de Rezende Oliveira e Maria Ditoza do Vale Oliveira.
Alguns dias depois, em 4 de agosto, seguindo o costume da confissão religiosa de seus pais, recebeu o batismo pelas mãos do Mons. José Cândido de Queiroz Lima.
Durante toda a sua infância recebeu forte influência da confissão católica, tendo em vista que o seu pai era sacristão da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, residindo com a sua família na Avenida São Vicente de Paulo, nº 96, Centro:

“Quem atendia à Capela de São Sebastião, em Monsenhor Tabosa, era o vigário de Boa Viagem, Pe. José Cândido de Queiroz Lima, que, periodicamente, empreendia a difícil viagem de dezenas de léguas, à cavalo, de sua sede ao alto da serra, quase sempre acompanhado pelo seu sacristão, José de Queiroz Sampaio.” (BARROSO, 2005: p. 144)

Nessa época, graças a dedicação de seus pais, recebeu as primeiras instruções escolares na cidade de Boa Viagem e algum tempo depois foi encaminhado ao Município de Canindé, distante 100 quilômetros, onde conseguiu conhecimentos mais aprimorados.
Dos hábitos adquiridos em sua infância o mais notável foi o da leitura, pois era um autodidata e segundo alguns de seus contemporâneos era dono de uma primorosa memória:

“Notável amante da leitura, detentor de boa memória e arguto conhecedor da história local, muito me ajudou, com seguras informações, para a elaboração de meus trabalhos acerca da nossa terra. Não só a mim, mas também a muitos que o consultavam, sendo sempre solícito e cordato.” (NASCIMENTO, 2011: p. 1)

Nos primeiros meses de 1937, ainda solteiro e desejando passar por novas experiências, alistou-se no Exército Brasileiro e foi encaminhado à prestação do serviço militar em um Tiro de Guerra existente no Município do Crato, que está localizado na região Sul do Estado do Ceará.
Depois de algum tempo, já no período em que ocorria a II Guerra Mundial, foi transferido para a 7ª Brigada de Infantaria Motorizada, a Brigada Felipe Camarão, que estava aquartelada na cidade de Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte, onde sentou praça e foi destacado para aguardar o embarque rumo ao teatro de guerra europeu nos dias que se seguiriam:

“A origem da 7ª Brigada de Infantaria Motorizada remonta ao período da 2ª Guerra Mundial. Naquela ocasião, com a finalidade de defender o ‘saliente nordestino’ e apoiar a Força Aérea dos Estados Unidos da América, baseada em Natal, foi criada, em 25 de agosto de 1941, a 2ª Brigada de Infantaria. Modificações estruturais no Exército, determinadas pela necessidade de modernizá-lo e adaptá-lo às novas conjunturas, nacional e internacional, fizeram com que a 2ª Brigada de Infantaria, ao longo do tempo, alterasse a sua denominação e estrutura organizacional.” (S.N.T)

Nessa mesma época sofreu graves problemas de apendicite, fato que lhe levou para à mesa de cirurgia e posteriormente, graças a intervenção de um amigo, a receber baixa de sua unidade militar, retornando imediatamente para cidade de Boa Viagem.
No dia 26 de novembro de 1944, segundo informações existentes no livro B-11, pertencente à secretaria da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, tombo nº 87, página 22v, diante do Mons. Pedro Vitorino Dantas, contraiu matrimônio religioso com Maria Vieira Sampaio, que era carinhosamente chamada de “Liinha”, que era nascida no dia 2 de maio de 1925, sendo filha de Joaquim Vieira Lima e de Balbina de Almeida Vieira.
Poucos dias depois, no dia 18 de janeiro de 1945, segundo informações existentes no livro B-09, pertencente ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, tombo nº 769, folha 31, confirmou os seus votos em uma cerimônia de matrimônio civil.
Desse matrimônio foram gerados seis filhos, dois homens e quatro mulheres, sendo eles: Balbina Maria Sampaio Lima, Balmira Maria Sampaio Monteiro, Joaquim Vieira Lima Neto, José de Queiroz Sampaio Neto, Balmice Maria Vieira Sampaio e Balmiza Maria Vieira Sampaio.
Algum tempo depois de casado, passou a residir com a sua família na Praça Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima, nº 104, Centro.

Imagem da residência de Cristóvam de Queiroz Sampaio, em 2015.

Nessa época, nos primeiros meses de 1948, na gestão do Prefeito Manoel Araújo Marinho, foi nomeado como secretário da pasta de finanças da Prefeitura de Boa Viagem.
Pouco tempo depois dessa nomeação, nos primeiros anos da década de 1950, foi lotado como um dos mestres do corpo docente do Externado Rui Barbosa, uma pequena escola particular que estava localizada na Praça Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima, nº 64, no Centro da cidade.
Nos primeiros dias de 1952, depois de alguns meses de arrecadação para ereção de um busto em homenagem ao Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima, juntamente com outras pessoas, sendo elas: o Pe. Francisco Clineu Ferreira (presidente e orador); Antenor Gomes de Barros Leal (vice-presidente e tesoureiro); José de Queiroz Sampaio (1º secretário); Ernesto Ferreira de Souza (2º secretário); Manoel Araújo Marinho, José Edmar Bezerra Costa e José Cândido de Carvalho (conselho de honra e consultivo), entregou esse equipamento aos moradores da cidade de Boa Viagem:

“No dia 1º de janeiro de 1952, realizou-se em Boa Viagem a inauguração, na Praça Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima, de um busto de bronze desse piedoso e santo sacerdote, que foi vigário dessa paróquia por muitos anos. A homenagem ao venerado apóstolo que tão santamente guiou o seu povo nesta terra de paz e copiosas bênçãos, teve a cooperação de todos os boa-viagenses.” (BARROS LEAL, 1996: p. 148)

Mais tarde, nos últimos anos da década de 1950, juntamente com outras pessoas de sua família, deu apoio ao desejo de seu irmão, Antônio de Queiroz Sampaio, para disputar uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores:

“Na eleição municipal que ocorreu no dia 3 de outubro de 1958, desejando entrar na vida pública por meio de uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores, militando nos quadros políticos da UDN – a União Democrática Nacional, ficou na primeira suplência de sua coligação partidária. Nessa legislatura, por conta de uma licença solicitada pelo Vereador Joaquim Vieira da Silva, assumiu a sua função de vereador.” (SILVA JÚNIOR, 2016: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/antonio-de-queiroz-sampaio/. Acesso no dia 9 de setembro de 2017)

Na gestão do Prefeito Manoel Araújo Marinho, compondo os quadros funcionais da Prefeitura de Boa Viagem, durante alguns anos desenvolveu atividades de tesoureiro e respondeu pelo IAPC – o Instituto de Assistência e Previdência aos Comerciários:

“O Instituto Nacional de Seguridade Social, cujo posto foi inaugurado no dia 19 de dezembro de 1997, tendo como gerente atual o Sr. Murilo Vieira da Silva. Antes tivemos aqui o IAPC – o Instituto de Assistência e Previdência aos Comerciários, representados pelos senhores: Antenor Gomes de Barros Leal, Manoel Fernandes de Almeida e Cristóvam de Queiroz Sampaio, como também o INPS – o Instituto Nacional de Previdência Social, tendo à frente a Srª Maria Zélia Cavalcante Ramalho.” (NASCIMENTO, 2002: p. 245)

No início da década de 1970, quando começaram os trabalhos de pavimentação asfáltica da Rodovia Federal Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, a BR-020, passou a compor os quadros funcionais do DNER – o Departamento Nacional de Estadas de Rodagem, que está sediado na Rua José Natal de Araújo, s/nº, no Bairro Floresta, na cidade de Boa Viagem.
Ainda nessa época, depois da instalação do LXV Distrito do Lions Clube e bastante envolvido com a promoção social de nosso Município, foi o seu presidente por três gestões.

“O Lions Club International é uma das maiores organizações de clubes de serviço do mundo que está voltada para serviços humanitários. A missão desse clube é incitar aos seus associados para que possam servir as suas comunidades e atender às necessidades humanas, fomentar a paz e a promover a compreensão mundial.” (S.N.T)

A outra entidade que contou com os seus valiosos serviços foi a Associação Atlética Boa-viagense, onde participou de sua diretoria como secretário durante muitos anos.
Nos últimos anos da década de 1970 deu apoio ao projeto político de seu filho caçula, que pleiteava uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores, sendo eleito em duas legislaturas consecutivas e disputou uma eleição como candidato a vice-prefeito do Município de Boa Viagem:

“Alguns anos mais tarde, no dia 15 de novembro de 1976, desejando ingressar na vida pública pleiteando uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores, militando nos quadros políticos da ARENA 1 – a Aliança Renovadora Nacional, com a legenda nº 2.110, conseguiu ser eleito ao receber a confiança de 872 eleitores, sendo o vereador com a quarta maior votação desse pleito.” (SILVA JÚNIOR, 2015: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/jose-de-queiroz-sampaio-neto/. Acesso no dia 31 de agosto de 2017)

Segundo informações existentes no livro C-05, pertencente ao Cartório Geraldina, tombo nº 3.661, folha 248v, faleceu na cidade de Fortaleza, aos 81 anos de idade, no dia 18 de janeiro de 2000.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado por seus familiares no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado na Rua Joaquim Rabêlo e Silva, nº 295, Centro.

Túmulo da família Queiroz Sampaio.

Imagem do túmulo da Família Queiroz Sampaio, em 2013.

BIBLIOGRAFIA:

  1. AZEVEDO, Stênio & NOBRE, Geraldo. O Ceará na Segunda Guerra Mundial. Fortaleza: ABC Editora, 1998.
  2. BARROS LEAL, Antenor Gomes de. Coletânea – Temas Diversos. Fortaleza: Casa de José de Alencar, 1996.
  3. BARROSO, Francisco de Andrade. Igrejas do Ceará. Crônicas Histórico-Descritivas. 3º v. Fortaleza: Premius, 2005.
  4. BEZERRA DE MELO, Maria José. Ex-Educadores de Boa Viagem. Monografia apresentada ao departamento de pós-graduação e pesquisa da Universidade Estadual Vale do Acaraú, 2002.
  5. FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
  6. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  7. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Uma Justa Saudação. Fortaleza: Premius, 2011.
  8. PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM. Livro de registro dos batismos. 1918-1920. Livro A-14. Tombo nº 683. Página 68.
  9. PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM. Livro de registro dos casamentos. 1944-1947. Livro B-11. Tombo nº 87. Página 22v.
  10. SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Antônio de Queiroz Sampaio. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/antonio-de-queiroz-sampaio/. Acesso no dia 9 de setembro de 2017.
  11. SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. José de Queiroz Sampaio Neto. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/jose-de-queiroz-sampaio-neto/. Acesso no dia 31 de agosto de 2017.
  12. VILELA, Túlio. Brasil na Segunda Guerra – Surge a FEB – Dificuldades para criar uma Força Expedicionária Brasileira. Disponível em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/brasil-na-segunda-guerra-surge-a-feb-dificuldades-para-criar-uma-forca-expedicionaria.htm. Acesso no dia 15 de março de 2015.

HOMENAGEM PÓSTUMA:

  1. Em sua memória, na gestão do Prefeito Benjamim Alves da Silva, embora ainda sem legislação específica, uma das ruas do Bairro Osmar Carneiro, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura;
  2. Em sua memória, no dia 4 de setembro de 2010, nas festividades do II Baile dos Filhos e Amigos de Boa Viagem, encontro que é promovido pela Associação Atlética Boa-viagense, foi-lhe prestada uma digna homenagem póstuma com a outorga da medalha de “Honra ao Mérito Social”.