AS INFORMAÇÕES BÁSICAS:
O Cemitério Parque da Esperança é uma necrópole urbana, classificada como pública, que está localizada na Rua Maria de Nazaré Bezerra, s/nº, no Bairro de Nossa Srª de Fátima, na cidade de Boa Viagem, a sede do Município de Boa Viagem, no Estado do Ceará.
Um cemitério, ou necrópole, é um lugar onde são sepultados os cadáveres humanos, e na maioria dos casos também são lugares de prática religiosa.
A BASE LEGAL DE SUA NOMENCLATURA:
Esse cemitério foi construído na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef e recebeu essa nomenclatura através da lei municipal nº 750-A, do dia 30 de maio de 2001.
A HISTÓRIA DE SUA CONSTRUÇÃO:
O Cemitério Parque da Esperança começou a ser construído nos primeiros meses de 2000, depois da lotação do Cemitério Parque da Saudade, que não tinha mais condições físicas de receber novos túmulos, sendo solenemente inaugurado no dia 25 de maio de 2000.
Algum tempo depois de sua construção várias polêmicas começaram a surgir envolvendo o seu nome: a primeira delas refere-se ao fato do terreno escolhido ser bastante pedregoso, o que dificulta a abertura das covas; a segunda corresponde com a falta de licença ambiental, pois em suas proximidades está localizado a bacia do Açude Público Prefeito José Vieira Filho – o Vieirão, reservatório que abastece a população da cidade de Boa Viagem.
Essas polêmicas, que ganharam relativa repercussão, surgiram do bloco de oposição ao governante da época, sobre esse assunto, no dia 23 de agosto de 2007, a jornalista Rocélia Santos, em uma edição do jornal O Povo, trouxe a seguinte matéria:
“Um fato inusitado tem preocupado a população de Boa Viagem, Município do Sertão Central. Os túmulos do Cemitério Parque da Esperança estão cheios de água. O medo é que haja a contaminação no lençol freático… Isto porque as covas estão virando ‘cacimbas’. ‘Há um mês, fui para o enterro de um amigo meu e, quando fomos colocar o caixão no túmulo, a cova estava cheia de água. No início, a gente pensava que era água da chuva. Mandamos esgotar, mas o coveiro disse que não adiantava, pois a água brotava da terra. Foi o jeito enterrá-lo dentro da água’, relatou o conselheiro de saúde do Município, Ernandes de Sousa Brito. Ele conta que o Cemitério Parque da Esperança fica em cima de uma colina, no Bairro de Nossa Srª de Fátima, próximo a uma lagoa e ao Açude Vieirão, que abastece a cidade de Boa Viagem. Brito conta que, dias depois do enterro do amigo, foi novamente ao cemitério investigar o que estava acontecendo e ouviu do coveiro que o problema ocorre há muito tempo, em quase todos os túmulos. A preocupação de Ernandes Brito é que haja uma contaminação do lençol freático da cidade. ‘As covas parecem cisternas, cheias de água. O coveiro disse que, uma vez, uma família foi desenterrar uma mulher, morta já fazia três meses, e o corpo dela estava intacto, não se decompôs por causa da água. Só estava mole’, relatou. O secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos de Boa Viagem, Jadson Vieira, disse que o cemitério foi construído em 2001 e, desde a inauguração, apresenta o problema. Ele afirmou que o terreno é impróprio, pois ao cavar, surge água ou pedra, dificultando a abertura de covas. O secretário não soube informar se o cemitério teve licenciamento ambiental para sua construção, pois ‘foi uma obra da gestão passada’, mas prometeu que iria investigar. ‘Vamos tomar as devidas providências para solucionar o problema. Se for comprovado que realmente pode causar um problema de saúde ou ambiental, vamos tomar as medidas cabíveis e, se necessário, interditar o cemitério’, informou. Para Ernandes Brito, só há um lado bom na história. ‘Aqui não há problema de abastecimento de água. Onde cavar, dá água’, brincou. E mais, segundo o geógrafo Frederico de Holanda Bastos, todo cemitério precisa de licenciamento ambiental para ser construído. ‘Um cemitério é potencialmente impactante ao meio-ambiente, por conta da decomposição dos corpos que pode atingir o lençol freático’. Holanda Bastos declarou ainda que a situação no cemitério de Boa Viagem é mais preocupante ainda por conta da inundação de água nas covas. ‘Se há um elemento químico, a água potencializa, pois ela dissipa, leva para outras áreas, o que deixa o problema mais sério ainda. Além disso, essa água pode está sendo usada para consumo’, afirmou. O geógrafo orientou a análise da água do solo para estudo sobre a qualidade. ‘Alguém pode ter cavado um poço profundo próximo ao cemitério e esta água pode estar contaminada’. Segundo Ernandes Brito, após a construção do cemitério, várias famílias se mudaram para a região. Os lençóis freáticos são lençóis subterrâneos de água. Parte da água, seja proveniente de chuvas, de rios, de lagos, ou derretimento da neve, infiltra-se no solo ocupando, juntamente com o ar, o espaço entre os fragmentos que o compõe. A proteção do lençol freático é uma preocupação dos ecologistas. Por incorporar todo o líquido que vem da superfície – e ainda os elementos hidrossolúveis -, diversas práticas humanas oferecem riscos de contaminação deste importante recurso hídrico.” (SANTOS, 2007: Disponível em http://gvces.com.br/ce-covas-de-cemiterio-estao-inundadas?locale=pt-br. Acesso em 23 de setembro de 2015)
Mesmo depois dessa polêmica reportagem, pouco ou quase nada foi feito para resolver essa situação, embora o Governo Municipal afirme veementemente que essa contaminação por chorume seja impossível.
Sobre a sua estrutura interna esse cemitério possui boa iluminação, pavimentação das suas passarelas, estacionamento e uma pequena capela ecumênica, que foi inaugurada no dia 29 de maio de 2001 e é constantemente utilizada em ofícios fúnebres e em datas especiais dentro do calendário litúrgico da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, especialmente no dia 2 de novembro, o Dia de Finados.
No Cemitério Parque da Esperança os túmulos seguem uma padronização e, para quem ainda não percebeu, está dividido em três ruas, que foram pavimentadas em pedra tosca e blocos de cimento, são elas:
- A Passarela Sudeste;
- A Passarela Oeste;
- A Passarela Norte.
Essas pequenas ruas, que infelizmente nunca receberam sinalização, servem para delimitar às seis quadras existentes, e essas os jazigos, que possuem um número de endereço para facilitar a sua localização:
- Quadra 1: 198 jazigos;
- Quadra 2: 198 jazigos;
- Quadra 3: 189 jazigos;
- Quadra 4: 189 jazigos;
- Quadra 5: 207 jazigos;
- Quadra 6: 207 jazigos.
Essa necrópole, que é própria para 1.188 jazigos, possui 99,70 metros de frente por 109,50 metros de fundo, possuindo relativa arborização interna, todavia necessita desse benefício em sua área externa, que possui estacionamento para 22 veículos e um pequeno espaço de recuo em seu principal acesso.
Como já foi dito, por força de lei, as suas tumbas devem ser patronizadas, não sendo permitida a construção de capelas ou desalinhamento das tumbas, sendo que cada tumba possui um número como forma de endereço.
Sobre essa necrópole, no site www.boaviagemnoticias.com.br, edição do dia 30 de outubro de 2014, o Jornalista Valdeni Rodrigues nos informa sobre a expectativa de sua visitação no Dia de Finados:
“A expectativa é que aproximadamente de 30 a 40 mil pessoas passem pelos cemitérios públicos da cidade de Boa Viagem, sendo que o maior número de visitas ocorra nos cemitérios Parque da Saudade e Parque da Esperança. O Parque da Esperança, apesar de ser um cemitério construído recentemente, também vem recebendo a cada ano um número cada vez maior de visitantes.”
Quanto ao número de visitantes, a maior movimentação que já ocorreu nessa necrópole foi registrado no dia 19 de maio de 2014, matéria que foi publicada na edição virtual do Diário do Nordeste do dia 20 de maio, que entrou na história do Município como o Domingo Trágico:
“Nove dos treze passageiros da cidade de Boa Viagem mortos no último domingo, no acidente com um ônibus da empresa Princesa dos Inhamuns, na BR-020, na cidade de Canindé, foram sepultados nesta segunda-feira. Seis deles foram enterrados no Parque da Esperança, cemitério mais novo da cidade de Boa Viagem. Outros dois foram enterrados na vila de Várzea da Ipueira, na zona rural deste Município do Sertão Central e outro na cidade vizinha, Itatira. Dezoito foi o número total de mortos no acidente. Dois deles ainda não haviam sido identificados.”
Ainda descrevendo a sua estrutura, logo na entrada, existem duas imagens de escultura representando anjos, como se estivessem guardando o portão e recebendo os seus visitantes.
Nos primeiros meses de 2018, na gestão da Prefeita Aline Cavalcante Vieira, o Governo Municipal passou a cobrar uma taxa anual para manutenção dos cemitérios públicos, algo que gerou certo descontentamento popular, que alegava não existir a aplicação do recurso investido, sendo comum encontrar o cemitério sempre sujo.
Nos últimos meses de 2021, na gestão do Prefeito José Carneiro Dantas Filho – o Régis Carneiro, a rua que dá acesso a essa necrópole recebeu manta asfáltica, algo que facilitou a chegada e saída de seus visitantes, especialmente na quadra invernosa.
A SUA ESTRUTURA:
Para executar bem as suas atividades, gerando conforto para os seus visitantes, o Cemitério Parque da Esperança possui a seguinte estrutura:
- Banheiro: 2;
- Capela: 1.
O CEMITÉRIO COMO FONTE DE PESQUISA E DE TURISMO:
Poucas pessoas acreditam, ou despertaram para isso, mas um cemitério é um excelente ponto de turismo regional, especialmente para aqueles que gostam de história.
Apoiando essa ideia, segundo informações fornecidas pelo Jornalista Valdenir Rodrigues, que foram publicadas no site www.boaviagemnoticias.com.br, edição do dia 30 de outubro de 2014, temos uma pequena noção do fluxo de pessoas que visitam esse local no Dia de Finados:
“Como manda a tradição católica, os dois principais cemitérios da cidade de Boa Viagem, Parque da Saudade e Parque da Esperança, deverão contar com uma grande aglomeração de visitantes. São milhares de pessoas, dentre os quais parentes e amigos, muitos vindo de outras cidades, que virão visitar os seus entes queridos que já se foram.”
Depois dessa importante data do calendário cristão, que é o Dia de Finados, ao que muitos pensam, o cemitério fica esquecido mas, na verdade, nos dias de hoje, o cemitério se constitui em uma importante ferramenta da economia criativa:
“O turismo em cemitério tem como foco principal a exploração do patrimônio artístico e arquitetônico; para isso, alguns cemitérios até foram transformados em cemitérios-museu. Um outro motivo que move o turismo cemiterial é a busca de personalidades, que mesmo depois de mortas continuam sendo veneradas, até mais do que quando estavam vivas. Para poder conservar os mausoléus, no caso dos cemitérios-museu, a saída encontrada foi a mercantilização do espaço, ou seja, além de alguns eventos que são realizados o visitante é obrigado a pagar uma entrada.”
Embora esse cemitério possua essa excelente potencialidade econômica o Governo do Município, ou as empresas do setor de turismo, ainda não despertaram para investir na exploração desse nicho de mercado.
Outra importante função dos cemitérios na atualidade é a coleta de informações, que são cuidadosamente interpretadas por um profissional de pesquisa chamado de cemiteriólogo.
AS SUAS CARACTERÍSTICAS:
As principais características do Cemitério Parque da Esperança, na cidade de Boa Viagem, são as seguintes:
- Administração: Secretaria da Infraestrutura;
- Altitude: 336 m;
- Área: 10.917 m²;
- Contato: 88.3427-1132;
- Coordenadas: (S) 05º 08′ 30.7” (W) 039º 43′ 35.7”;
- Propriedade: Governo do Município;
- Tipo: Público.
BIBLIOGRAFIA:
- FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- SANTOS, Rocélia. Covas do cemitério estão inundadas. Disponível em http://gvces.com.br/ce-covas-de-cemiterio-estao-inundadas?locale=pt-br. Acesso em 23 de setembro de 2015.
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