AS INFORMAÇÕES BÁSICAS:
A Praça Antônio de Queiroz Marinho está localizada entre as ruas Agronomando Rangel, José Rangel de Araújo, José Leorne Leitão e Antônio de Queiroz Marinho, no Centro da cidade de Boa Viagem, no Município de Boa Viagem, no Estado do Ceará.
Estando localizada no principal centro comercial deste Município, essa praça é classificada como jardim, sendo uma das mais movimentadas da cidade e uma espécie de museu ao ar livre.
“Museus ao ar livre são espaços que rompem com o modelo tradicional de museus que concentram sua coleção em um ou mais edifícios. Nos museus ao ar livre, o objetivo é preservar as tradições do local e os elementos naturais que dele fazem parte, como cemitérios, jardins e paisagem natural, integrando os objetos, as obras de arte que são expostas e a população… Os museus ao ar livre foram os precursores dos ecomuseus.” (COSTA, 2020: p. 42-43)
A BASE LEGAL DE SUA NOMENCLATURA:
Essa praça teve a sua nomenclatura regulamentada através da lei nº 30, de 3 de outubro de 1959, na gestão do Prefeito Dr. Gervásio de Queiroz Marinho.
A HISTÓRIA DE SUA CONSTRUÇÃO:
O espaço que hoje conhecemos como a Praça Antônio de Queiroz Marinho é um local que foi pensado, no final do século XIX, para acomodar as feiras livres e os circos, algo bem comum nas pequenas cidades do interior nordestino da época.
Em nossos dias o seu espaço foi bastante reduzido, bem menor e diferente daquilo que foi imaginado em um primeiro momento pelo Coronel José Cândido de Carvalho, prefeito do Município nos primeiros anos da década de 1920.
Nessa época, essa área se constituía em um espaço bastante amplo, aberto, livre de qualquer edificação e que se estendia até a porta principal do Mercado Público Municipal Jessé Alves da Silva, local que foi construído para tirar os feirantes do meio da rua e organizar o comércio popular.
Esse espaço público, que já era designado como praça, recebeu como sua primeira nomenclatura o nome do Dr. João Tomé de Sabóia e Silva, que alguns anos antes tinha sido o governador do Estado e havia se compadecido das dificuldades enfrentadas pelos seus conterrâneos enviando recursos para construção de pequenos reservatórios de água no intuito de socorrer os mais necessitados que eram afetados no período das estiagens:
“Consta do livro oficial do Cartório de Registro Civil de Boa Viagem, da Comarca de Quixeramobim, Estado do Ceará, datado de 14 de abril de 1924, lançado às folhas 2, do 5º livro, assento nº 5, o registro do teor seguinte ‘(…) que no dia 13 de abril de 1924, às 02 horas do dia, nasceu, nesta vila, à Praça Dr. João Tomé [de Saboia e Silva]…’.” (CARVALHO FILHO, 2008: p. 15)
Com o passar do tempo, nos idos de 1937 a 1943, na gestão do Prefeito José Rangel de Araújo, alguns bancos e árvores foram colocadas nesse local até que, entre os anos de 1948 e 1951, já na gestão do Prefeito Manuel Araújo Marinho – o Néo Araújo, percebendo a potencialidade do local e com um orçamento bastante limitado, o Governo Municipal ousou edificar uma pequena e humilde praça, deixando ociosa grande parte da área inicial, que posteriormente foi doada a alguns comerciantes e correligionários do chefe do Poder Executivo, prática comum daquela época.
A partir dessa gestão, ela passou a se constituir no principal espaço público da cidade, pois durante quase quatro décadas abrigou em suas proximidades o edifício que era sede dos poderes Executivo e Legislativo.
Nesse período, essa praça já era dotada de jardins, ficava quase ao nível das ruas, que eram pavimentadas com paralelepípedo, possuía uma moderna iluminação para os padrões da época, e era muito frequentada pela juventude.
Os bancos da pequena praça, que foram anteriormente doados pelas famílias mais abastadas da cidade, foram colocados cuidadosamente em locais estratégicos para que no futuro recebessem a sombra das algarobeiras, árvores que foram previamente escolhidas para tornar o local mais belo devido a sua pouca exigência por água.
Nos últimos meses de 1959, algum tempo depois do assassinato do Vereador Antônio de Queiroz Marinho, que aconteceu nas imediações dessa praça, o Governo Municipal aprovou um projeto de lei e passou a utilizar a sua denominação como identificação do local, deixando de utilizar o seu nome primitivo, Dr. João Tomé de Sabóia e Silva, como também o nome de “Praça da Avenida”.
Alguns anos depois, no dia 21 de novembro de 1964, na gestão do Prefeito Dr. Manuel Vieira da Costa – o Nezinho, essa praça ganhou outro importante atrativo, o Obelisco, um marco da passagem do primeiro centenário do Município.
Posteriormente, com o surgimento e a expansão das telecomunicações, essa praça ganhou também um aparelho de televisão, que todas às noites conseguia juntar um número significativo de telespectadores, principalmente jovens.
Nos últimos meses de 1980, no fim da gestão do Prefeito Benjamim Alves da Silva, um fato inesperado contribuiu drasticamente para a primeira grande reforma dessa praça quando uma enorme ventania colocou abaixo as grandes algarobeiras que compunham o jardim da praça e causou um grande susto em quem passava no momento pelo local.
Nessa queda as raízes das árvores caídas destruíram parte do piso e os seus galhos ficaram estendidos pelas principais ruas do Centro, causando certo desconforto para o trânsito e os pedestres.
Como foi um imprevisto produzido por um fenômeno da natureza o Governo Municipal, já na administração do Prefeito José Vieira Filho – o Mazinho, imediatamente providenciou uma reforma emergencial e durante algum tempo manteve a praça isolada de seus usuários, enquanto aguardava uma dotação orçamentária suficiente para à reforma da praça que foi danificada.
Nessa fase de sua história o desenho da nova praça, que passou a valorizar as curvas, exigiu a completa demolição da antiga, que colocava em destaque as linhas retas, a praça ganhou novos jardins, um coreto, pavimento de mosaico, bancos de cimento sem inclinação e encosto, iluminação mais potente em postes de ferro e a sua arborização passou a ser feita com acácias.
Na reforma, com a popularização dos equipamentos de televisão na casa dos moradores da cidade, o Governo Municipal resolveu não colocar mais o aparelho na praça.
Depois dessa grande reforma ela passou por momentos de desprezo por parte de alguns de nossos governantes, que infelizmente não geriram bem a máquina e os equipamentos públicos.
Sobre o estado precário desse importante equipamento público, nessa época, assim afirmou o periódico do Governo Municipal, o Jornal de Boa Viagem, ano I, nº 3, página nº 6, em matéria de setembro de 1999:
“No dia 17 de dezembro de 1998, antes da posse do Prefeito Fernando Antônio Vieira Assef, a Praça Antônio de Queiroz Marinho, no Centro da cidade, era um ponto de desembarque dos feirantes que vinham de outros Municípios, a população não tinha acesso.”
Constantemente, e de forma irracional, essa praça era utilizada pelo próprio Governo Municipal em eventos carnavalescos; pelas igrejas de confissão protestante em eventos religiosos; pelos partidos políticos em comícios e por fim em festas que eram promovidas pela Rádio Liberdade, com uma quantidade de espectadores que a praça não tinha capacidade para suportar.
Ao término desses espetáculos geralmente era comum ver o acumulo de lixo, plantas quebradas, jardins pisoteados e outros pequenos danos que demoravam ou não eram recuperados pelo Governo Municipal.
Logo que isso começou a acontecer de forma corriqueira essa praça sofreu grande depreciação pelos seus usuários, não recebendo a manutenção merecida por parte do Governo Municipal.
Ela foi pichada, os seus belos jardins foram destruídos pelos constantes pisoteios e alguns comerciantes, com o aval irresponsável de alguns gestores municipais, tornaram o espaço que antes era público em um local de exploração comercial particular.
“Outra prática que nos divertia era o passeio noturno nos parques da cidade. As moças, vestidas no seu melhor, caminhavam em grupos numa direção ao redor da praça, os rapazes caminhavam na outra direção.” (KNECHTEL, 2006: p.21)
Nessa época, os jovens da cidade tinham pouco, ou quase nenhuma atividade de lazer e a praça era o ponto de encontro deles, principalmente aos finais de semana, logo depois do término das missas celebradas na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem.
Nos últimos meses do ano 2000, na administração do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, percebendo a urgente necessidade de reforma, essa praça foi completamente demolida e ganhou um moderno desenho:
“Nove meses após a posse do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef a Praça Antônio de Queiroz Marinho foi totalmente reconstruída. O novo espaço de lazer ganhou arquitetura especial, iluminação, bancos, jardinagens, placas educativas e coletoras de lixo. Essa iniciativa da Prefeitura Municipal agradou a população.”
Nesse período, depois de sua completa revitalização, essa praça voltou a ser utilizada pelos seus antigos usuários, mas passou a dividir a atenção dos jovens depois das modificações que foram feitas também na Praça Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima.
Nessa última reforma, como afirmou o Jornal de Boa Viagem, periódico do Governo Municipal, essa praça perdeu grande parte de seus jardins, os seus bancos passaram a ser de madeira e ferro tubular, recebeu uma nova iluminação, o seu pavimento e o das calçadas em seu entorno passaram a ser em pedra portuguesa, recebeu rampa de acesso para cadeirantes e o seu piso ganhou um desenho aonde procura-se valorizar dois elementos de nossa natureza, o Sol e a Lua.
Conforme o novo desenho dessa praça, o Obelisco ficou no centro do Sol e o coreto está sobre o palco, que representa a Lua. Nessa mesma reforma, no intuito de melhorar o trânsito, o Centro da cidade recebeu semáforos e placas de informação e advertência.
Segundo matéria que trata sobre a potencialidade turística de nosso Município, que foi editada pelo periódico Folha de Boa Viagem, edição de maio de 2003, ano 1, nº 1, página 7, essa praça se constitui em um importante ponto turístico de nosso Município:
“A Praça Antônio de Queiroz Marinho, situada na sede do Município, é o ponto de encontro da juventude e da família boa-viagense. Reconstruída recentemente teve o Obelisco reformado ganhando uma dimensão mais contemporânea.”
Mesmo depois dessas transformações, algumas pessoas da cidade ainda preferem o antigo desenho, muitos tendo motivações políticas, tecendo inúmeras criticas ao gestor que tomou a iniciativa de as fazer.
Em setembro de 2012, ainda na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, as ruas que cercam o espaço dessa praça sofreram uma significativa melhoria quando o Governo Municipal, em parceria com o Governo do Estado, pavimentou em manta asfáltica as principais ruas do Centro da cidade, beneficiando ainda mais o seu belo visual.
A PRAÇA E O TURISMO:
Essa importante praça, que é um museu ao ar livre, pelo seu valor histórico, arquitetônico e paisagístico já se constitui em um significativo atrativo turístico, possuindo outros atrativos que podem ser mencionados em suas proximidades para àqueles que não a conhecem, sendo eles:
- O Camelódromo;
- O Mercado Público Municipal Jessé Alves da Silva;
- O Obelisco do Centenário.
OS PROBLEMAS ENFRENTADOS POR ESSA PRAÇA:
Para quem não sabe, antes de utilizar esse equipamento público, faz-se necessário procurar o Governo Municipal e seguir as orientações e as normas que estão contidas no Código de Posturas do Município, a lei nº 414, de 14 de dezembro de 1984.
Mesmo com a existência dessa regra de conduta percebemos uma série de irregularidades que são cometidas diariamente, o que torna esse belo espaço público em um local privado para o usufruto de alguns comerciantes.
Nos últimos anos, sem a fiscalização dos órgãos responsáveis, alguns ambulantes estão transformando as imediações desse espaço público em um local insalubre, cheio de sujeira e que causam sérios problemas para o trânsito e para os seus usuários.
Entre esses problemas produzidos por esses ambulantes, muitos deles vindos de outras cidades, numeramos os seguintes:
- Ausência do alvará sanitário dos comércios, especialmente daqueles que vendem alimentos;
- Ausência do alvará de funcionamento dos comércios, muitos deles em veículos adaptados;
- Veículos estacionados ocupando de forma irregular a via pública;
- Utilização de energia elétrica de forma irregular;
- Obstrução das calçadas e transformação delas em espaço privado;
- Descarte de óleo de cozinha nas calçadas;
- Utilização das calçadas como banheiro;
- Produção de sujeira.
Além de tudo isso, não podemos deixar de mencionar a significativa perda de arrecadação financeira para os cofres públicos e o nítido favorecimento da atividade comercial irregular de aliados políticos do gestor que está no Governo Municipal.
AS SUAS CARACTERÍSTICAS:
Acessibilidade: Sim.
Administração: Governo Municipal.
Água: Sim.
Altitude: 283 mts.
Área: 1.632 m².
Coordenadas: (S) 05° 07′ 36.2” (W) 039° 43′ 51.6”.
Classificação: Praça jardim.
Iluminação: Sim.
Informações: 88.3427-1132 / 88.3427-2429 / 88.3427-2543.
Pavimento: Pedra portuguesa (vermelha, preta e branca).
Responsável: Secretaria da Infraestrutura.
Tipo: Pública.
Vigilância: Sim.
BIBLIOGRAFIA:
- CARVALHO FILHO, José Cândido de. Boa Viagem de minha infância. Rio de Janeiro, Thesaurus/Itiquira, 2008.
- COSTA, Karine Lima de. Noções Gerais de Museologia. Curitiba: Intersaberes, 2020.
- FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
- KNECHTEL, Dorothy. Terra de Rios Secos. Fortaleza: Editora Princípios, 2006.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Boa Viagem: Rua, Praças e Avenidas. Boa Viagem: Guarany, 1986.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Um Pouco de Boa Viagem. Boa Viagem: Guarany, 1990.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Andarilhos do Sertão. A Chegada e a Instalação do Protestantismo em Boa Viagem. Fortaleza: PREMIUS, 2015.
- VIEIRA FILHO, José. Minha História, Contada por Mim. Fortaleza: LCR, 2008.