Casimiro da Silva Nogueira nasceu em 3 de outubro de 1835 no Município de Quixeramobim, que está localizado no Sertão Central do Estado do Ceará, distante 203 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de José da Silva Nogueira e de Ana Francisca da Silva Nogueira.
Na época do seu nascimento, que provavelmente tenha sido no território onde hoje está o Município de Quixadá, a cidade de Boa Viagem, que era conhecida pelo topônimo de “Cavalo Morto”, era apenas um pequeno povoado existente dentro dos limites geográficos do Município de Quixeramobim:
“Distrito criado com a denominação de Boa Viagem, ex-povoado de Cavalo Morto, pela lei provincial nº 1.025, de 18 de novembro de 1862. Elevado à categoria de vila com a denominação de Boa Viagem, pela lei provincial nº 1.128, de 21 de novembro de 1864, desmembrado de Quixeramobim.” (IBGE, 2000: Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230240&search=ceara|boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017)
No dia 8 de outubro de 1857, segundo informações existentes no livro B-05, pertencente à secretaria da Paróquia de Santo Antônio de Quixeramobim, página 361v, diante do Pe. José da Cunha Pereira, contraiu matrimônio com Maria da Glória de Jesus Guerreiro, sendo filha de João Guerreiro Ribeiro e de Maria Joana de Jesus Guerreiro.
Desse matrimônio foram gerados alguns filhos, dentre eles destacamos: Francisco de Sales Nogueira, José Casimiro da Silva Nogueira, Maria da Silva Nogueira, Antônio da Silva Nogueira e Pedro da Silva Nogueira.
Conforme publicação do jornal Pedro II, publicado no dia 15 de dezembro de 1870, pediu demissão de sua função de sub-delegado do termo de Pedra Branca, passando a residir no Município de Boa Viagem, onde era agropecuarista, construindo uma grande casa na localidade de Santo Antônio dos Dodôs.
“O Santo Antônio, também conhecido como ‘Santo Antônio dos Dodôs’, é uma localidade existente na zona rural do Município de Boa Viagem, distante pouco mais de 26 quilômetros do Centro da cidade de Boa Viagem, no Estado do Ceará. Dentro da divisão politico-geográfica, em relação ao Marco Zero, essa localidade está na região sul do Município, dentro dos limites geográficos do território do Distrito de Boa Viagem.” (SILVA JÚNIOR, 2018: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/santo-antonio/. Acesso no dia 9 de abril de 2022)
Entre os anos de 1877 e 1879, que ficou conhecido como “a seca dos 1000 dias”, perdeu grande parte de seu patrimônio.
Mais tarde, segundo ofício da Câmara Municipal de Vereadores, militando nos quadros políticos do PL – o Partido Liberal, conseguiu ser eleito para uma de suas cadeiras, tomando posse de sua função no dia 7 de janeiro de 1883, sendo escolhido pelos seus pares como presidente da mesa diretora.
Era abolicionista e pouco tempo depois, segundo registros, foi um dos fundadores da Sociedade Libertadora de Boa Viagem, que foi uma entidade filantrópica que congregava aqueles que queriam por fim à escravidão, conforme registro a seguir:
“Era impossível que o Município de Boa Viagem continuasse por mais tempo estacionário, sem receber um impulso do magno e generoso movimento libertador que se desenvolve, estendendo-se por todos os ângulos da Província. Omnia tempus habent. Era pois chegada também a vez de Boa Viagem tomar um lugar, embora dos últimos, no grande festim da liberdade. No dia 1º de Julho, reunidos no salão da municipalidade, diversos cavalheiros dos mais prestantes da localidade, a convite do Revmo. Vigário da freguesia, e presente grande número de senhoras, instalou-se uma sociedade denominada Libertadora de Boa Viagem, cujo fim será promover, por todos os meios legítimos, a libertação do Município… O presidente declarou instalada a sociedade, apresentando 17 cartas de liberdade, todas oferecidas espontaneamente, dos quais 7 foram oferecidas pelo Capitão Antônio Sabino de Araújo, sendo declarados libertos os seus últimos escravos: Maria, Maria, Magdalena, Anna e Francisca; 2 por parte de sua digna mãe, D. Maria Sabina da Conceição, concedendo liberdade aos seus dois últimos escravos: João e Luíza; e 1 por parte de sua irmã, D. Maria de Jesus Araújo, a sua única escrava, Raymunda; 3 oferecidos pelo prestante cidadão Joaquim Cavalcante Bezerra, libertando as suas escravas: Benedicta, Galdina e Agueda; 2 pelo Capitão Vicente Alves da Costa, concedendo liberdade aos seus dois escravos: Caetano e Nicácio; 1 pelo cidadão José Rabêlo e Silva, libertando a sua escrava Maria; 1 pela digna professora pública dessa vila, D. Joaquina Beleza de Macêdo Nogueira, libertando a sua única escrava, Joana; 1 oferecido pelo cidadão João Lobo dos Santos, dando liberdade a sua escrava Alexandrina e finalmente 1 oferecido pelo cidadão Manoel Mendes Machado. São poucos os escravos que restam no Município, talvez não excedam a 40. Mas a sociedade não conta com bastantes recursos para acelerar, como desejara, a sua completa extinção. Entretanto, convencidos como já devem estar os senhores de que improficua será a resistência que por ventura poderão opor, serão levados a libertar voluntariamente os poucos que ainda restam. E prazam a Deus que se realizem as aspirações do digno presidente da Libertadora de Boa Viagem, isto é, que brevemente possamos dizer por nossa vez a Província: não há mais senhores e nem escravos no Município de Boa Viagem.”
Essa agremiação antiescravagista, que foi fundada no dia 1º de julho de 1883, recebeu publicidade de seus atos através de uma nota publicada no periódico O Libertador, ano 3, nº 162, de 28 de julho de 1883, e tinha o seu nome na função de orador em sua diretoria.
Mais tarde, no dia 17 de janeiro de 1885, através de um ofício que foi destinado ao palácio do Governo da Província, comunicou que estava mudando com a sua família para à Província do Piauí e firmou um acórdão entre os vereadores da Câmara Municipal de Boa Viagem em que solicita uma nova eleição para o preenchimento de sua vaga.
Nesse período, possivelmente estando viúvo, contraiu matrimônio com a Professora Joaquina Beleza de Macêdo Nogueira, passando a habitar no território do Município de Independência.
Antes disso, juntamente com os outros vereadores, reorganizou os trabalhos ordinários da Câmara Municipal, que foram interrompidos pelos efeitos da “Seca Grande; reativou a cobrança da décima urbana e de outros impostos; realizou a organização e o leilão dos impostos camarários; aprovou o Código de Posturas, que regulamentava o comportamento e a ordem que deveria existir na vila; recebeu o equipamento médico e o soro antiofídico encaminhado pelo Farmacêutico Rodolpfho Marcos Theópfhilo; implantou no Município o novo sistema de pesos e medidas determinado pelo Governo Provincial e forneceu informações da retomada da produção agrícola da região.
BIBLIOGRAFIA:
- CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. História Política do Ceará. (1889-1930). ABC: Fortaleza, 1996.
- FERREIRA NETO, Cicinato. A Tragédia dos Mil Dias: A seca de 1877-79 no Ceará. Premius: Fortaleza, 2006.
- IBGE. Histórico do Município de Boa Viagem. Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230240&search=ceara|boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017.
- PARÓQUIA DE SANTO ANTÔNIO. Livro de tombo dos casamentos. 1844/1859. Livro B-05. Página 361v.
- PEIXOTO, João Paulo M. & PORTO, Walter Costa. Sistemas Eleitorais no Brasil. Brasília: Instituto Tancredo Neves, 1987.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Santo Antônio. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/santo-antonio/. Acesso no dia 9 de abril de 2022.
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