AS INFORMAÇÕES BÁSICAS:
Nos últimos meses de 1930, quando ocorreu o movimento de Revolução, que culminou em um Golpe de Estado, o Município de Boa Viagem era governado pelo Prefeito Manoel Araújo Marinho, que logo foi surpreendido por sua deposição pelo Interventor do Estado, o Dr. Manuel do Nascimento Fernandes Távora.
Depois disso, entre os dias 28 de outubro de 1930 e 20 de maio de 1931, assumiu como Interventor do Município Teodoro Amaro de Oliveira quando, por força do Decreto nº 193, o Município de Boa Viagem foi extinto.
“O Interventor Federal do Estado do Ceará, Manoel do Nascimento Fernandes Távora, considerando que a atual organização municipal deve ser modificada por não atender ao interesse público; Considerando que, para a constituição de qualquer Município, se torna necessária uma população nunca menor de quinze mil habitantes, uma renda anual não inferior a trinta contos de reis e outros fatores de valor; Considerando que muitos dos atuais Municípios não preenchem esses requisitos, sendo meras expressões territoriais, sem vida própria. Considerando que, dest’art, para proporcionar aos Municípios uma existência normal, se impõe a supressão de alguns deles, decreta: Art. 1º – O território do Estado divide-se, administrativamente; em 51 Municípios e estes em distritos. Art. 4º – Ficam extintos os seguintes Municípios:…. Campos Sales, Conceição do Cariry, Santa Cruz, Várzea Alegre…. Boa Viagem que passará respectivamente a fazer parte do Município de Quixeramobim…” (CAVALCANTE MOTA, 1989: p. 38-39)
A extinção do Município de Boa Viagem significava a perda de sua autonomia política, momento de sua história em que o seu território voltou a ser administrado pelos governantes do Município de Quixeramobim, onde todos eles foram indicados como interventores.
“A vitória em Fortaleza foi do governo, sendo eleito Raimundo Alencar Araripe… foi o único prefeito mantido no cargo após o Golpe… devido ao seu partido apoiar ao governo de Menezes Pimentel; situação bem diferente dos prefeitos eleitos por outras legendas políticas nas cidades do interior, esses demais no dia 27 de novembro de 1937, por um ato do Governo Intervencionista, foram substituídos por pessoas indicadas e alinhadas a Ditadura Varguista, mostrando assim a força que caracterizou o Estado Novo. No dia 2 de dezembro de 1937 o ditador Getúlio Vargas assinou o decreto extinguindo os partidos políticos brasileiros, ratificando esses prefeitos.” (LIMA, 2021: p. 16)
Nesse período o povo de Boa Viagem, que era apenas um Distrito, foi governado pelos seguintes interventores:
- Cel. Abelardo Rodrigues Martins – 21/05/1931 – 26/11/1931;
- Dr. João Hissa Asfora – 27/11/1931 – 18/05/1932;
- José Cipriano Carneiro Monteiro – 19/05/1932 – 18/06/1932;
- Dr. Vicente Augusto Leite de Oliveira – 19/06/1932 – 11/01/1935;
- Dr. Joaquim Fernandes – 12/01/1935 – 13/05/1935;
- Jaime Lopes Freire – 14/05/1935;
- Anísio Mendes Pereira – 1935 – 28/12/1936.
Depois disso, no dia 28 de dezembro de 1936, por força da lei nº 260, o Município de Boa Viagem retomou a sua autonomia política, passando a ser governado por José Rangel de Araújo, que foi nomeado como interventor.
BIBLIOGRAFIA:
- CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. História Política do Ceará, (1930-1945). Fortaleza: Stylus Comunicações, 1989.
- CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. República. Partidos Políticos. Atas. Fortaleza: ABC, 2006.
- LIMA, Eduardo Honório. Centro de Estudos Juvenal Galeno. Juventude, Literatura e Civismo num Momento de Escolhas. Fortaleza: Impresse, 2021.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- SIMÃO, Marum. Quixeramobim. Recompondo a história. Fortaleza: Multigraf, 1996.
- VIEIRA FILHO, José. Minha História, Contada por Mim. Fortaleza: LCR, 2008.
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