Arievaldo Vianna Lima

Arievaldo Vianna Lima nasceu no dia 18 de setembro de 1967 no Município de Quixeramobim, que está localizado no Sertão Central do Estado do Ceará, distante 411 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Francisco Evaldo de Sousa Lima e de Hathane Maria Viana Lima
Os seus avós paternos se chamavam Manoel Barbosa Lima e Alzira Vianna de Sousa Lima, já os maternos eram Miguel de Assis Vianna e Áurea de Sousa Vianna.
Sobre os seus ancestrais, baseado em tradição oral, afirmava ser descendente de uma irmã do Pe. Gonçalo Ignácio de Loyola Albuquerque Melo – o Pe. Mororó, herói da Confederação do Equador.

“Creio que o Pe. Mororó, direta ou indiretamente, foi um dos responsáveis, pela vinda de alguns dos membros da família Souza Mello para os sertões adustos de Quixeramobim.” (LIMA, 2016: p. 25)

Quando nasceu a sua mãe lhe deu à luz na Fazenda Ouro Preto, na localidade rural denominada de Três Irmãos, no limite entre os Municípios de Canindé e Quixeramobim, território que alguns anos depois passou a pertencer ao Município de Madalena.
Os primeiros anos de sua existência foram marcados pelas figuras de alguns ancestrais, dentre eles um de seus bisavós, Francisco de Assis de Sousa, ou simplesmente “Fitico”, que era um talentoso cordelista.
Nessa época, residindo no sertão e não existindo escolas regulares, recebeu instrução elementar de sua avó paterna, que utilizou como recurso didático alguns folhetos de cordel.

“Arievaldo Vianna Lima é a prova inconteste da importância e benefícios da contação de histórias, que ajuda a criança a criar asas e voar através da fantasia, despertando sua criatividade e imaginação, além da aquisição da cultura, conhecimentos e valores. Em sua autobiografia, ele narra que por volta dos 4 ou 5 anos se deleitava em ouvir sua avó Alzira Sousa, que era colecionadora de folhetos, lendo versos da literatura popular para uma plateia atenta e embevecida. Foi ouvindo A Vida de Cancão de Fogo e o seu Testamento, As proezas de João Grilo, Travessuras de Pedro Malazartes e outros folhetos, e por meio de uma Carta de ABC foi alfabetizado por D. Alzira, e logo surpreendeu a todos ao ser encontrado lendo, em voz alta, A chegada de Lampião no inferno.” (LIMA, 2014: Disponível em https://memoriasdapoesiapopular.com.br/2014/11/25/poeta-arievaldo-viana-lima-sintese-biografica/. Acesso no dia 1º de dezembro de 2023)

O clima de sertão e os adultos serviram para lhe moldar o interesse pelas estórias gravadas nos folhetos de cordel e, por volta de 1977, aos 10 anos de idade, começou a escrever os seus primeiros poemas.

“As contações de histórias eram estendidas para outros momentos, tais como o trajeto entre a Fazenda Ouro Preto, onde nasceu e criou-se, e Olho d´Água das Coronhas, localizado no sopé do serrote dos Três Irmãos, quando ao ir buscar água, o pai ia cantando seu romance preferido – A batalha de Oliveiros com Ferrabrás. Também foi seduzido pelas narrativas de uma velha rezadeira D. Bastiana, cuja neta, Rita Maria, enfeitiçava com suas histórias de trancoso. Entre feitiços e encantos, foi tomado pela paixão por folhetos, e aos 6 ou 7 anos, após juntar moedas, comprou alguns para sua coleção a um folheteiro na Praça Thomaz Barbosa, no Centro de Canindé – CE… Eu pegava um papel que vinha no miolo de uma caixa de Maisena, dobrava ao meio e fazia o miolo de um libreto do mesmo formato de um cordel. Depois pegava aquele papel de embrulho verde ou rosa que havia no balcão da bodega do meu avô e fazia a capa do verso. Pra completar, escrevia em letra de forma e fazia uma capa com caneta preta, imitando uma xilogravura.” (LIMA, 2014: Disponível em https://memoriasdapoesiapopular.com.br/2014/11/25/poeta-arievaldo-viana-lima-sintese-biografica/. Acesso no dia 1º de dezembro de 2023)

No ano seguinte, no intuito de estudar, foi residir na casa de parentes em Maracanaú, Município da região metropolitana de Fortaleza, época em que economizava todo tostão enviado por sua avó para comprar o lanche investindo em cordéis.
Nas férias, retornando ao sertão para casa de seus avós, reencontrava os primos que vinham de Canindé e, à noite, sob a luz da lâmpada de gás butano da sala de jantar, lia todos os folhetos levados na mala.
Em 1980, período de grande seca, foi residir com os pais na cidade de Canindé, conseguindo pouco tempo depois um emprego no jornal da cidade e a colaborar no jornal O POVO de domingo com uma “tira” do cangaceiro “Nonato Lamparina”, personagem inventado em 1982.

“Quando menino, morava em Canindé, vi o comércio ser saqueado por agricultores famintos, no início da década de 1980, a exemplo do que ocorria em muitas outras cidades. Na seca de 2015, considerada a pior estiagem dos últimos cem anos, apresar da gravidade do problema, não se tem notícias nenhum de saque ao comércio local em em nenhum município nordestino” (LIMA, 2016: p. 277}

Na cidade de Canindé, foi inicialmente matriculado por seus pais em uma das turmas do Colégio Frei Policarpo, que ficava próximo de sua casa, e logo depois na Escola de Ensino Médio Paulo Sarasate.

“Em 1986 tive a felicidade de ver o meu primeiro livreto impresso. Trata-se do HQ Canindé, de lenda a realidade, inspirada num folheto do poeta Gonzaga Vieira e editada com a colaboração do empresário Carlos Alberto Martins.” (LIMA, 2016: p. 260-261)

Depois de concluir o Ensino Médio, foi contratado para servir como redator da Rádio Uirapuru, atuando também como roteirista, repórter e locutor.
Nesse período, inicialmente serviu também como assessor de comunicação da Prefeitura Municipal de Canindé e logo depois como Diretor de Cultura.
Na década seguinte, por volta de 1992, desejando seguir para um curso universitário de jornalismo, passou a trabalhar em agências de propaganda da capital, percebendo os tempos difíceis para o cordel, sentindo dificuldade para encontrar folheteiros nas visitas regulares a Canindé.
Diante disso, preocupado com a decadência do folheto de feira, voltou a produzir, inclusive em parceria com Pedro Paulo Paulino e Gonzaga Vieira, ocasião em que publicaram a Coleção Cancão de Fogo.
Nos primeiros meses de 1995, Klévisson Viana, um de seus irmãos, funda a editora Tupynanquim, onde passa a editar cordéis e quadrinhos, Klévisson publicou seu primeiro cordel A botija encantada ou o preguiçoso afortunado, escrito em parceria com Arievaldo, em menos de dois anos, ambos publicaram por volta de 30 folhetos em parceria.

“Arievaldo também atou como ilustrador de cordéis da editora Luzeiro, de São Paulo, produzindo capas para cordéis de novos autores como Marco Haurélio Moreira, de Acopiara e de clássicos de Francisco Sales Arêda e João Melchíades Ferreira da Silva.” (WIKIPÉDIA, 2000: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Arievaldo_ Viana>. Acesso em 30 de novembro de 2023.)

Em 2000, já sendo reconhecido como poeta popular, radialista, ilustrador e publicitário, passou a ser membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), onde ocupou a cadeira de nº 40 , cujo patrono é João Melchíades Ferreira da Silva.

“Apresenta uma vasta produção literária e publicou em parceria com os poetas Pedro Paulo Paulino, Jota Batista, Klévisson Viana, Gonzaga Vieira, Zé Maria de Fortaleza, Manoel Monteiro da Silva, Rouxinol do Rinaré e Marco Haurélio… Recebeu influências dos seus poetas populares preferidos Leandro Gomes de Barros e José Pacheco da Rocha, além dos versos dos ilustres Olavo Bilac, Castro Alves, Augusto dos Anjos e Gregório de Matos Guerra (Boca do Inferno), este último com uma produção satírica que pode se equiparar aos fundamentos do cordel.” (LIMA, 2014: Disponível em https://memoriasdapoesiapopular.com.br/2014/11/25/poeta-arievaldo-viana-lima-sintese-biografica/. Acesso no dia 1º de dezembro de 2023)

Pouco tempo depois, em 2002, acreditando que a alfabetização é fundamental, criou o projeto Acorda Cordel na Sala de Aula para alfabetização de jovens e adultos por meio da poesia popular, que foi adotado em diversos municípios brasileiros, dentre eles em Boa Viagem na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef.
Nesse mesmo ano, ao adaptar Luzia Homem para o cordel, obteve o primeiro lugar do prêmio Domingos Olympio de Literatura, promovido pela Prefeitura de Sobral, ficando ainda entre os dez primeiros colocados do Concurso de Literatura de Cordel promovido pelo Metrô de São Paulo.

“Percorreu 10 estados ministrando oficinas e realizando palestras sobre literatura de Cordel. Arievaldo tem alguns trabalhos escritos em parceria com outros poetas como Pedro Paulo Paulino, Jota Batista, Klévisson Viana, Gonzaga Vieira, Zé Maria de Fortaleza, Manoel Monteiro da Silva, Rouxinol do Rinaré e Marco Haurélio. Atuou como consultor e redator de uma série de programas da TV Escola sobre cordel. Lançou mais de 100 folhetos de cordel e tem vários livros publicados: O Baú da GaiaticeSão Francisco de Canindé na Literatura de Cordel, ‘Acorda Cordel na Sala de Aula – 2ª edição revista e ampliada’, ‘Dona Baratinha e seu casório atrapalhado’, ‘O bicho folharal’ e Mala da Cobra – Almanaque Matuto. Em 2014, publicou uma biografia sobre o grande poeta popular Leandro Gomes de Barros. Em 2010, foi publicado o álbum de quadrinhos, ‘História do Navegador João de Calais e de Sua Amada Constança’, roteirizado por ele e desenhado por Jô Oliveira… a última obra publicada por Arievaldo foi Sertão em Desencanto (2016), na qual conta a história de sua família.” (LIMA, 2014: Disponível em https://memoriasdapoesiapopular.com.br/2014/11/25/poeta-arievaldo-viana-lima-sintese-biografica/. Acesso no dia 1º de dezembro de 2023)

Em dezembro de 2012, por iniciativa da Vereadora Zeleide Araújo, recebeu o título de cidadão canindeense da Câmara Municipal de Vereadores.
Faleceu ainda jovem no dia 30 de maio de 2020 por conta de uma infecção bacteriana gerada em sua dentição.

“Morreu neste sábado (30), o poeta popular, radialista, ilustrador e publicitário cearense Arievaldo Vianna, aos 52 anos. Amiga do artista, a cordelista e hematologista Paola Tôrres informou que a causa do falecimento foi uma infecção bacteriana severa. Conforme publicação feita pela esposa, Juliana Araújo, nas redes sociais, Arievaldo deu entrada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital local na última quinta-feira (28). No texto, ela destacou que o poeta ‘é um homem íntegro, um pai responsável, amoroso, um marido amado’ e que convive com ele desde os 17 anos de idade. ‘Metade de minha vida foi com ele’. Criador do projeto Acorda Cordel na Sala de Aula  – que utiliza a poesia popular na alfabetização de jovens e adultos, adotado pela Secretaria de Educação, Cultura e Desporto de Canindé e diversos outros municípios brasileiros  – Arievaldo Vianna é um dos maiores nomes das letras do Ceará… O poeta parte deixando esposa, os filhos Daniel, Mariana, Yuri e João Miguel, e uma legião de admiradores dos ofícios que executou.”  (DIÁRIO DO NORDESTE, 2020: Disponível em https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/verso/morre-o-cordelista-e-radialista-cearense-arievaldo-vianna-aos-52-anos-1.2251040. Acesso no dia 1º de dezembro de 2023)

BIBLIOGRAFIA:

  1. DIÁRIO DO NORDESTE. Morre o cordelista e radialista cearense Arievaldo Vianna aos 52 anos. Disponível em https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/verso/morre-o-cordelista-e-radialista-cearense-arievaldo-vianna-aos-52-anos-1.2251040. Acesso no dia 1º de dezembro de 2023.
  2. FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
  3. LIMA. Arievaldo Vianna. Síntese biográfica. Disponível em https://memoriasdapoesiapopular.com.br/2014/11/25/poeta-arievaldo-viana-lima-sintese-biografica/. Acesso no dia 1º de dezembro de 2023).
  4. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  5. WIKIPÉDIA. Arievaldo Vianna Lima. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Arievaldo_ Viana>. Acesso em 30 de novembro de 2023.

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