Antônio Serafim de Sousa

Antônio Serafim de Sousa nasceu no dia 8 de dezembro de 1922 no Município de Boa Viagem, que está localizado no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará, distante 217 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Manoel Serafim dos Santos e de Raquel de Sousa Mendes.
Os seus avós paternos se chamavam Antônio Serafim dos Santos e Raimunda Nunes de Freitas, já os maternos eram Vicente Ferreira Lima e Maria Fausta Lima.
Na época em que nasceu o Município de Boa Viagem não dispunha de uma casa de parto, fato que obrigou aos seus pais a contar com os valiosos serviços de uma parteira na localidade de Cabeça do Boi, onde passou grande parte de sua infância.

“O pai trabalhava na roça, era carpinteiro e pedreiro. A mãe fazia renda, daquelas que recorrem à almofada com bilros e ao papelão pinicado que deve ser seguido como trilha ou ‘programa’ de computador. O casal teve 22 filhos, sendo quatro homens.” (CARVALHO, 2018: p. 67)

Quando criança, sendo escasso o número de escolas disponíveis na zona rural de Boa Viagem, não teve a oportunidade de frequentar uma escola regular, recebendo inicialmente de uma professora particular, e posteriormente do seu pai, importantes lições que levou por toda vida, dentre elas a sensibilidade para música e a confecção de instrumentos musicais, especialmente rabecas, algo que ensinou aos seus irmãos.

“Antônio Serafim passou vinte dias na escola, sempre do meio-dia para à tarde. Diz ter aprendido ‘umas coisinhas’ e foi o próprio pai quem ensinou a ele as quatro operações. Não escapou da roça, como quase todos de sua geração e de seu extrato social. ‘Filho era mão-de-obra da família, e ai daquele que não quisesse seguir esta sina’. Aprendeu com o pai as artes da carpintaria e conta, com orgulho, que ninguém era mais ativo do que ele [o pai]… O pai tinha uma rabeca de umburana, feita no ‘sistema de cocho’, ainda que soubesse fazer em outros sistemas. Além de luthier, o pai também era tocador de rabeca, enquanto o avô tocava viola. Antônio Serafim trouxe uma rabeca que parecia cortada a facão e, por isso mesmo, um charme. O som que ele tira dela é roufenho…” (CARVALHO, 2018: p. 67)

Nessa época, desejando aprender e sendo bastante curioso, costumava andar com uma cartilha no bolso tirando todas as suas dúvidas com aqueles que julgava possuir mais conhecimento, ao ponto de se destacar na região como exímio calculista.
Mais tarde, tendo pouco mais de 14 anos de idade, foi surpreendido pelo inesperado falecimento de sua mãe depois de um difícil trabalho de parto, algo que, dentro de pouco tempo, forçou ao seu pai a buscar um novo casamento, relacionamento que logo se tornou conflituoso com a sua madrasta e o obrigou a sair de casa com os seu irmãos.
No dia 25 de dezembro de 1959, já maduro em seus dias, depois de cuidar de seus irmãos, na Capela de Nossa Senhora da Guia, diante do Frei Guido, contraiu matrimônio religioso com Rosa Carneiro Lobo de Sousa, nascida no dia 11 de outubro de 1940, sendo filha de Otávio Alves Lobo e de Francisca Matias Carneiro.
Antes disso, no dia 15 de dezembro, segundo informações existentes no livro B-03, pertencentes ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, folha 1, tombo nº 467, contraiu matrimônio civil.
Desse matrimônio foram gerados apenas três filhos, uma mulher e dois homens, sendo eles: Rocicler Carneiro da Silva Costa, José Serafim Lobo e Eriberto Serafim Lobo, cuidando também durante a sua vida de uma sobrinha e uma neta, Maria Marcilene Nunes dos Santos e Ediane de Sousa Costa.
Depois de casado, adquiriu uma valiosa propriedade na localidade de Brasileira, onde construiu o seu patrimônio, dentre eles um caminhão, que servia para o transporte de mercadorias e da produção da safra de sua propriedade.

Imagem de Antônio Serafim de Sousa, fotografado por Antônio Serafim de Sousa.

Na eleição municipal que ocorreu no dia 7 de outubro de 1962, juntamente com a sua família, deu apoio ao projeto político de seu primo, José Serafim dos Santos – o Zé Adolfo, em conseguir uma das cadeiras na Câmara Municipal de Vereadores de Boa Viagem.

“Quando visitamos a casa/oficina de Zé Martins, no Olho d’Água dos Facundos, em Boa Viagem, fomos surpreendidos pela chegada de um amigo dele, rabequeiro das antigas, e com histórias curiosas para contar… Contou muitas histórias, umas que envolviam brigas durante as festas, com muito exagero e valentia, outras em que divagava sobre os folguedos que animava com sua rabeca, como a Dança de São Gonçalo e as empanadas dos bonecos. Seus olhos brilham quando fala nos reisados, o grande momento de congraçamento das comunidades. A rabeca fazia a trilha e ele fala ainda hoje do baião, da dança da burra, do boi, de tudo o que faz a festa do período que vai do Natal ao Dia de Reis. Antônio Serafim se refere a dois irmãos tocadores, o finado Sitonho e Frutuoso Serafim, que vive em Boa Viagem. Família musical a dele..” (CARVALHO, 2018: p. 67)

Segundo informações existentes no livro C-10, pertencente ao Cartório Geraldina, folha 60v, tombo nº 8.507, faleceu na cidade de Boa Viagem no dia 11 de junho de 2021 aos 98 anos de idade.
Logo após o seu óbito, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado por seus familiares no mausoléu da família existente no Cemitério Parque de Nossa Senhora das Graças, na localidade de Inharé, dentro dos limites geográficos do Distrito de Olho d’Água dos Facundos, no Município de Boa Viagem, no Estado do Ceará.

BIBLIOGRAFIA:

  1. CARVALHO, Gilmar de. Tirinete – Rabecas da tradição. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2018.
  2. FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
  3. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.

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