Antônio Alves Capistrano

Antônio Alves Capistrano nasceu no dia 20 de outubro de 1920 no Município de Tamboril, que está localizado no Sertão de Crateús, no Estado do Ceará, distante 301 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Florenço Capistrano da Costa e de Francisca Maria de Jesus.
Poucos dias depois do seu nascimento, seguindo os costumes da confissão religiosa de seus pais, recebeu o sacramento do batismo na Igreja Matriz de São Sebastião, na vila de Monsenhor Tabosa.
Veio ao mundo pelas mãos de uma parteira na localidade de Juá, que na época estava dentro dos limites geográfico do Município de Tamboril.
Passou os primeiros anos de sua infância em uma localidade da zona rural que é denominada de Flores, que nesse tempo estava dentro dos limites geográficos do Município de Boa Viagem, onde teve uma infância muito feliz, segundo relata uma de suas filhas:

“Era uma criança feliz e observadora, que gostava de andar pelas matas a procura de pássaros e animais que ali viviam, pois era um ambiente agradável na serra, nas proximidades da vila do Jacampari. A sua adolescência foi bastante tranquila, embora gostasse de participar das festas dançantes que aconteciam na localidade.” (CAPISTRANO CARVALHO, 2010: p. 6)

Ainda bem jovem, cumprindo com as suas obrigações, trabalhava diariamente com os seus pais nas lutas exigidas pelo campo, mantendo a sua própria plantação e vez por outra realizava a troca de pequenos animais, tornando-se aos poucos em um pequeno comerciante da região.
No dia 12 de dezembro de 1940, segundo informações existentes no livro B-10, pertencente à secretaria da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, tombo nº 129, folha 41v, na Capela de São José, na vila da Águas Belas, depois de algum tempo de namoro, prestes a completar 20 anos de idade, diante do Mons. José Gaspar de Oliveira, contraiu matrimônio com Maria Alves de Sousa, nascida em 13 de fevereiro de 1922, sendo filha de Manoel João da Silva com Francisca Alves de Sousa.
Desse matrimônio foram gerados cinco filhos, um homem e quatro mulheres, sendo eles: Raimundo Alves Capistrano, Francisca Alves Capistrano, Maria Capistrano do Nascimento, Rita Capistrano Campos e Maria Socorro Capistrano Ferreira.
Nessa época, depois de casado, a convite de seu sogro, fixou residência na vila de Águas Belas, tornando-se dentro de pouco tempo em um importante comerciante e agropecuarista daquela localidade:

“Radicado na vila Águas Belas, desde então, teve ele, sem sobra de dúvidas, uma grande e importante folha de serviços prestados a essa comunidade e região, durante toda a sua vida, pois foi um homem ousado e destemido.” (CAPISTRANO CARVALHO, 2010: p. 6)

Em 1953, contando 32 anos de idade, juntamente com os seus filhos, partilhou da terrível perda de sua querida esposa, que faleceu repentinamente por conta de complicações em um parto.
Ainda nesse ano, enfrentando sérias dificuldades para cuidar de seus filhos, contraiu matrimônio com uma prima de sua esposa, que se chamava Isaura Alves Franco, que era filha de Casimiro e Antônia.

“A Isaura cuidou com muita dedicação e carinho dos filhos de sua prima, que ficaram na orfandade.” (CAPISTRANO CARVALHO, 2010: p. 9)

Dessa nova relação conjugal foram gerados cinco filhos, três mulheres e dois homens, sendo que alguns deles não chegaram a puberdade, foram eles: Maria Izaíra Alves Capistrano, Maria Isaura Alves Capistrano, Antônio Alves Capistrano Filho, Maria da Glória Alves Capistrano e José de Arimatéa Alves Capistrano.
Nesse tempo, passou um longo período envolvido em um relacionamento extraconjugal com Eva Ferreira de Castro, que era filha de Maria Santiago.
Desse relacionamento foram gerados três filhos, duas mulheres e um homem, sendo eles: Maria Aparecida, Aurenir e Francisco.
No pleito eleitoral que ocorreu no dia 3 de outubro de 1958, desejando entrar na vida pública por meio de um mandato eletivo na Câmara Municipal de Vereadores, militando nos quadros políticos do PSD – o Partido Social Democrático, depois de uma acirrada campanha, ficou na primeira suplência de seu partido.

“Sempre foi um homem ligado na política municipal, tinha no sangue a vontade de fazer algo pelo povo, em uma época em que ser um homem público era realmente porque queria ajudar, pois não havia remuneração para os vereadores.” (CAPISTRANO CARVALHO, 2010: p. 13)

Algum tempo depois, no dia 25 de março de 1961, assumiu o seu primeiro mandato eletivo depois de uma licença solicitada pelo Vereador Manoel Mateus Sobrinho, conhecido por “Tora e Embola”.
No pleito eleitoral seguinte, que aconteceu no dia 7 de outubro de 1962, ainda compondo a bancada do PSD, conseguiu ser reconduzido a uma das cadeiras do Poder Legislativo Municipal.
Nesse período, mesmo estando no bloco de oposição, depois de muitos esforços, juntamente com o Prefeito Dr. Manuel Vieira da Costa – o Nezinho, pleiteou pela construção de duas salas de aula na vila de Águas Belas, que mais tarde foi denominada de Escola de Ensino Fundamental Manoel João da Silva.
Nessa legislatura, que foi bastante tumultuada pelo número de prefeitos, prestou apoio aos projetos que vieram do Poder Executivo, foram eles: a implantação do Posto de Saúde Dr. Pontes Neto; a implantação do sistema de telefonia que interligou à cidade de Boa Viagem às vilas de Guia e Ibuaçu; a implantação da Escola de Ensino Fundamental Osmar de Oliveira Fontes, que na época recebeu o nome do Presidente John Fitzgerald Kennedy; ao projeto de organização da nomenclatura das ruas e da numeração das casas da cidade; a implantação de um matadouro público; a construção da Escola de Ensino Médio Dom Terceiro; a instalação do sistema d’água na cidade de Boa Viagem; a construção do Obelisco em comemoração ao primeiro centenário do Município de Boa Viagem; a reforma administrativa da Prefeitura de Boa Viagem; a instalação de energia elétrica na vila de Guia; a abertura e manutenção de rodovias municipais e a construção do Açude Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima.
No dia 26 de junho de 1965, na gestão do Prefeito José Vieira Filho – o Mazinho, votou em favor da reimplantação do pagamento do subsídio dos vereadores, que havia sido extinto, pouco tempo depois, no dia 28 de outubro, deu parecer contrário à consulta realizada pela Assembleia Legislativa do Estado sobre o interesse do Município de Boa Viagem em entregar do Distrito de Jacampari ao Município de Monsenhor Tabosa.
Na eleição municipal seguinte, que ocorreu no dia 15 de novembro de 1966, dessa vez militando nos quadros políticos da ARENA I – a Aliança Renovadora Nacional, conseguiu ser reconduzido ao seu terceiro mandato depois de receber a confiança de 299 eleitores, sendo o oitavo vereador de maior votação de sua coligação.
Nessa legislatura, dando apoio aos projetos vindos do gabinete do prefeito, aprovou dotação orçamentaria para implantação de um tiro de guerra no Município de Boa Viagem; aprovou a aquisição de uma propriedade e a posterior construção do Hospital e Casa de Saúde Adília Maria de Lima; aprovou a doação da propriedade em que foi construída uma Agência do Banco do Estado do Ceará e aprovou a criação e implantação do Serviço Autônomo de Água e Esgoto na cidade de Boa Viagem.

“Sempre ao lado do amigo e companheiro José Vieira Filho, o Mazinho, Antônio Alves Capistrano construiu a sua trajetória política, sempre atuando fielmente em suas opções partidárias.” (CAPISTRANO CARVALHO, 2010: p. 14)

Pouco tempo depois, no dia 2 de abril de 1969, contando com apenas 49 anos de idade, coincidentemente o destino lhe aprontou uma nova surpresa, quando a sua esposa repentinamente veio a óbito depois de um difícil trabalho de parto.
Alguns meses depois dessa perda, enfrentando as dores da solidão, resolveu investir em seu terceiro relacionamento conjugal em um matrimônio que ocorreu na Capela de São José, dessa vez com Francisca Alves Martins, que contava na época com apenas 21 anos de idade, sendo filha de Antônio Gonçalves Martins e de Capitulina Alves Martins.
Em seu terceiro relacionamento conjugal foram gerados seis filhos, quatro homens e duas mulheres, sendo eles: Florenço Capistrano da Costa Neto, Francisco César Martins Capistrano, Milton César Martins Capistrano, João Martins Capistrano, Florissea Martins Capistrano Carvalho e Capitulina Martins Capistrano.
Entre todos esses filhos não podemos esquecer o nome de Maria Onete Alípio Martins, que foi adotada algum tempo depois como sendo uma de suas filhas.
No dia 24 de março de 1970, foi eleito pela maioria de seus pares a presidir à mesa diretora da Câmara Municipal de Vereadores no quarto período legislativo.
Em sua gestão, nesse mesmo dia, conforme informações existentes na página 27 do livro de atas, apresentou projeto estabelecendo o dia e o horário em que à Câmara Municipal passou a funcionar regularmente:

“Em seguida, o sr. presidente submeteu verbalmente a apreciação de todos os vereadores, componentes da Câmara e presentes à sessão, a designação das sextas-feiras, às 14 horas de cada mês, para a realização das sessões ordinárias.”

No pleito eleitoral ocorrido em 1972, depois de acordos familiares, resolveu apoiar a candidatura de um de seus genros, Raimundo Soares de Freitas, que desejava uma das cadeiras na Câmara Municipal.

“Na eleição municipal que ocorreu no dia 15 de novembro de 1972, desejando entrar na vida pública por meio de uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores, militando nos quadros políticos da ARENA, a Aliança Renovadora Nacional, contando com o importante apoio de seu sogro, conseguiu receber a confiança de 289 eleitores, ficando entre os onze vereadores de maior votação desse pleito.” (SILVA JÚNIOR, 2018: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/raimundo-soares-freitas/. Acesso no dia 15 de julho de 2019)

Na eleição municipal seguinte, que ocorreu no dia 15 de novembro de 1976, depois de um tempo fora da vida pública, permanecendo na bancada da ARENA, embora não tenha conseguido ser eleito, conseguiu ficar na primeira suplência de seu partido.
Pouco tempo depois, no dia 1º de fevereiro de 1977, a convite do Prefeito  Benjamim Alves da Silva, o Vereador Sebastião de Sousa Santigo foi indicado a compor o quadro de funcionários da Prefeitura de Boa Viagem, quando assumiu a pasta da Secretaria de Finanças, deixando a sua cadeira na Câmara.
Mais tarde, no dia 7 de maio de 1977, novamente no exercício de vereador, apresentou requerimento à mesa diretora da Câmara Municipal solicitando ao gabinete do prefeito a construção de uma escola na localidade de Riacho Verde.
Algum tempo depois, no dia 2 de agosto de 1980, padecendo por problemas em sua saúde, solicitou uma licença médica, sendo substituído pelo suplente, o Vereador Luiz Araújo.
Faleceu inesperadamente de insuficiência cardíaca, na cidade de Fortaleza, aos 88 anos de idade, no dia 12 de janeiro de 2009.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado no mausoléu da família existente no Cemitério de São José, que está localizado na vila de Águas Belas.

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA:

  1. CAPISTRANO CARVALHO, Florissea Martins. Traços Biográficos de Antônio Alves Capistrano. Boa Viagem: Sem Editora, 2010.
  2. FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
  3. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  4. PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM. Livro de Registro de casamentos. 1939-1943. Livro B-10. Tombo nº 129. Página 41v.
  5. SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Raimundo Soares Freitas. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/raimundo-soares-freitas/. Acesso no dia 15 de julho de 2019.

HOMENAGEM PÓSTUMA:

  1. Em sua memória, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei nº 1.191, de 14 de março de 2014, uma das ruas dos Bairros Ponte Nova, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.