Alfredo de Sousa Terceiro

Alfredo de Sousa Terceiro nasceu no dia 21 de fevereiro de 1885 no Município de Santa Quitéria, que está localizado na região Noroeste do Estado do Ceará, distante 222 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de João de Sousa Terceiro e de Joana Alves Ferreira.
Foi casado em primeiras núpcias com Clotildes de Farias Terceiro e ainda não sabemos se gerou filhos.
Mais tarde, no dia 29 de novembro de 1908, estando viúvo, segundo informações existentes no livro B-02, pertencente ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, tombo nº 6, página 4, aos 23 anos de idade, contraiu matrimônio com Maria Clotildes de Sousa Camelo, popularmente conhecida como “Cotinha Terceiro”, nascida em 1888, sendo filha de Vicente Camelo de Sousa e de Francisca Jorge de Sousa.
Desse matrimônio foram gerados seis filhos, quatro homens e duas mulheres, sendo eles: José Terceiro de Sousa, Arimateia de Sousa Terceiro, Francisca de Sousa Terceiro, João Terceiro de Sousa, Ignácio Terceiro de Sousa e Raimunda Terceira de Sousa.
Depois de casado permaneceu residindo na Fazenda Barrigas, uma propriedade rural que era pertencente aos seus pais.
Pouco tempo depois, após conseguir juntar algumas economias, conseguiu adquirir uma pequena propriedade na localidade de Pitombeira, que está distante 17 quilômetros da cidade de Boa Viagem, onde passou a residir em uma pequena e rústica casa de taipa.
Nos primeiros meses de 1912, conseguido expandir a área da fazenda, na intenção de dar mais conforto a sua pequena família, decidiu se mudar para uma casa de alvenaria que ficava às margens da estrada carroçável que serve de acesso a cidade de Boa Viagem.
A nova casa escolhida para abrigar a família servia como ponto de referência para os tropeiros e viajantes que costumavam passar por ali para pedir informação ou refrescar a sede.
Entre esses viajantes, habitualmente, o pároco do Município costumava passar por aquela estrada no intuito de realizar os ofícios pastorais de sua comunidade e essas visitas serviram para o despertamento vocacional de um de seus filhos:

“Certo dia, pela manhã, Padre José Cândido passou, abençoou os compadres e afilhados e prosseguiu caminho até a Serra da Guia para uma confissão de hora da morte. Voltou à fazenda dos amigos ao escurecer do dia, trazendo a hóstia consagrada que o moribundo não tivera condição de receber. Após a sóbria ceia, pediu aos compadres para acenderem as velas do santuário e, de joelhos, rezou em voz alta até tarde da noite. José, o futuro ministro de Cristo, embora sem entender as palavras do padrinho vigário, custou a conciliar o sono. Desde então, gostava de repetir: – Eu vou ser padre!” (BARROS LEAL, 1983: p. 143)

Pouco tempo depois, em 1915, por conta de uma terrível seca que se abateu sobre o Nordeste, essa estiagem gerou uma forte carestia no Município de Boa Viagem e as notícias que diariamente chegavam não eram nada animadoras, o Governo do Estado não possuía um plano de contingência e pouco se fazia para minimizar o sofrimento da população cearense.
Os milhares de flagelados que perambulavam pelos áridos caminhos do Sertão, quando não morriam de fome, eram presos e encaminhados para uma espécie de “Campo de Concentração” que existia no Alagadiço, nas proximidades da cidade de Fortaleza.
Diante desse quadro desesperador, decidiu se deslocar com a sua família e os seus poucos pertences para a sua terra natal, o Município de Santa Quitéria, deixando para trás as suas terras e a recordação dos bons dias de outrora.
Nos primeiros meses do ano seguinte, observando as experiências do tempo, decidiu retornar para sua propriedade na localidade de Pitombeira, o novo ano prometia um bom inverno, o que de fato aconteceu, os anos de escassez pareciam que finalmente tinham chegado ao fim.
No ano seguinte o inverno foi bem diferente dos últimos anos, quando pesadas chuvas fizeram com que praticamente quase toda a lavoura fosse levada pelas águas do Rio Juazeiro, um importante tributário do Rio Quixeramobim.
Nos últimos meses de 1918, observando o crescimento dos filhos e a necessidade de uma boa educação, resolveu mudar para cidade.
Nessa época, embora a sede do Município não diferisse muito do campo, a mudança de ares representava uma profunda transformação no cotidiano de sua família, tudo parecia novo e estranho.
A família passou a ter que se acostumar com o cotidiano da vida urbana, uma vizinhança, o Código de Posturas, que restringia certas liberdades do campo, e com a vida social da cidade.
Na cidade passou a comercializar o que conseguia produzir e, sempre que podia, nas horas vagas, acompanhava os trabalhadores que cultivavam em sua propriedade, deixando a sua esposa fabricando broas de goma para serem comercializadas no Mercado Público Municipal Jessé Alves da Silva, bem como na saída das missas.
O local escolhido para residirem na cidade ficava um pouco distante do Centro, a casa de alpendre era construída aonde hoje é o Bairro Vila Holanda.
Faleceu na cidade de Boa Viagem, vítima de sarampo, com apenas 39 anos de idade, no dia 16 de janeiro de 1924.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que é de costume, o seu corpo foi sepultado em um mausoléu da família existente no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado na Rua Joaquim Rabêlo e Silva, nº 295, Centro.

Mausoléu da família Terceiro.

Imagem do mausoléu da Família Terceiro, em 2013.

BIBLIOGRAFIA:

  1. BARROS LEAL, Antenor Gomes de. Avivando Retalhos. Miscelânea. 2ª Edição. Fortaleza: Henriqueta Galeno, 1983.
  2. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.

HOMENAGEM PÓSTUMA:

  1. Em sua memória, na gestão do Prefeito Dr. Manuel Vieira da Costa – o Nezinho, embora ainda sem amparo legal, a rua que sai do Bairro Tibiquari, passa pelo Centro e divide os Bairros Alto do Motor e Boaviaginha, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.