Alberto Porfírio da Silva nasceu no dia 23 de dezembro de 1923 no Município de Quixadá, que está localizado no Sertão Central do Estado do Ceará, distante 167 quilômetros da cidade de Fortaleza.
Os seus pais eram humildes camponeses que viviam como moradores em uma propriedade existente ao pé da Serra do Estêvam.
“Trabalhava para o patrão dando três dias por semana ganhando um salário bem menor que o mínimo vigente no país. Os outros três dias da semana ele os ocupava cultivando um chãozinho que o patrão lhe cedera para o plantar ali ao redor da casa e era um pedregal que não produzia nada. Nós sofríamos privações de tudo, desde o principal da cozinha ao vestiário. E mais não era o nosso sofrimento por que meu pai era diligente. Largava os campos do patrão por vezes encharcado de suor e ia para os matos caçar ou para as águas pescar para arranjar recurso para a subsistência da família. Era de nove pessoas a nossa família. Sete irmãos e os dois chefes, o meu pai e a minha mãe.” (HAURÉLIO, 2009: Disponível em https://marcohaurelio.blogspot.com/2009/09/alberto-porfirio-genio-da-poesia.html. Acesso no dia 18 de outubro de 2023)
Em sua infância os seus pais, com muitos esforços e economia, conseguiram contratar uma professora particular para ministrar aulas em sua residência. Nesse tempo, curioso e desejando aprender a ler e diante da escances de livros para sua alfabetização, “desenvolveu sua leitura por meio de cordéis de Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athayde, Luís da Costa Pinheiro e outros.”
“Lá em casa, quem lia para nós era a mamãe. Era no tempo da guerra. E, sendo proibida a venda de querosene, nós fazíamos uma fogueira no terreiro e, ali, ela lia e a meninada brincava até altas horas no claro da fogueira. A mamãe, quando o meu pai não ia à feira, ela encomendava a alguém, dizendo: Compre isso e aquilo e, com a sobra do dinheiro, compre um velso (verso). Ela chamava também um romanso (romance).” (HAURÉLIO, 2009: Disponível em https://marcohaurelio.blogspot.com/2009/09/alberto-porfirio-genio-da-poesia.html. Acesso no dia 18 de outubro de 2023)
Nessa época, já dominando a leitura e considerando o grande número de analfabetos, costumava ir a casa dos vizinhos para compartilhar da leitura e ganhar alguns trocados do público reunido.
Ainda nessa época, depois de vender os seus animais e toda sua produção de algodão, o seu pai conseguiu a façanha de comprar a sua tão sonhada propriedade, algo que deu melhores condições de subsistência para sua família.
Mais tarde, por volta de 1942, aos 19 anos de idade, diante de uma grave seca que ocorria no Ceará e em plena II Guerra Mundial, migrou de sua cidade para cidade de de Capistrano de Abreu, na Serra do Baturité, onde começou a ganhar a vida como repentista.
Nessa cidade, empolgado com alguns amigos que desejavam ir ao Amazonas, vendeu a sua viola e com um pouco de dinheiro seguiu de trem com esses amigos para capital na esperança de constituir fortuna na região Norte do país.
“Quando se declarou a seca nós tínhamos gasto todos os recursos e ainda estávamos devendo. Nós morávamos perto de um açude público e, como outras famílias, apelávamos para os refrigérios das beiras d´água sofridos e minguados. Já num período de calamidade avançado, o meu pai, com tristeza, falava para os filhos mais velhos: ‘Vão, meus filhos! Vão caçar emprego por aí! Eu fico aqui com as crianças e com as mulheres nos remediando com os recursos das vazantes e com essas águas salobras até Deus mandar de novo os recursos do céu.’ Foi assim que os meus irmãos mais velhos saíram do Choró em busca de recursos nas terras de Baturité com macas às costas guardando os instrumentos de trabalho. E eu, em vez de maca, saí levando uma viola caçando no painel de Deus algo de inspiração.” (HAURÉLIO, 2009: Disponível em https://marcohaurelio.blogspot.com/2009/09/alberto-porfirio-genio-da-poesia.html. Acesso no dia 18 de outubro de 2023)
Na cidade de Fortaleza desceu na Estação Professor João Felipe, seguindo de bonde para o Bairro Alagadiço, local que concentrava outros viajantes na Hospedaria Getúlio Vargas, onde outros famintos esperavam o navio que os transportaria para o destino incerto na Amazônia.
Na hospedaria, logo foi cadastrado e vacinado para poder entrar em contato com a floresta, sendo alimentado com carne de charque e farinha amarela e, para dormir, recebeu uma bicama de soldado suja e cheia de pulgas e percevejos, algo que lhe fez lembrar do conforto de sua casa.
Nessa mesma noite, arrependido, conseguiu fugir para Estação Otávio Bomfim e de trem partiu para Pacatuba, conseguido graças a caridade de algumas pessoas voltar para Capistrano.
“Com a seca de 1942, em plena II Grande Guerra, partiu, com a viola e cantoria, para ganhar a vida. Porém, alistou-se como ‘soldado da borracha’, desistindo pouco antes da partida. O navio que levou os demais companheiros foi torpedeado e todos foram mortos.” (WIKIPÉDIA, 2009: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_Porf%C3%ADrio_da_Silva. Acesso no dia 18 de outubro de 2023)
Algum tempo depois, já casado e residindo na capital, tinha entre os seus vizinhos um professor que o motivou a fazer o exame de admissão no Ginásio Santa Cruz, onde juntamente com o seu filho mais velho conseguiu ser aprovado.
Mais tarde, ingressou no magistério ao assumir uma das cadeiras da UFC – a Universidade Federal do Ceará, tendo oportunidade para viajar por todo Brasil divulgando a arte do repente e da poesia popular.
“Participou de pelejas, congressos e da fundação da Casa do Poeta Brasileiro em Brasília. Ministrou cursos de cantoria pelo rádio e criou esculturas em diversas partes do Brasil, dentre as quais a do Cego Aderaldo e de Domingos Fonseca. Depois do AVC e já com saúde debilitada, decidiu escrever sua Autobiografia narrando sua vida e sua obra em prosa e versos com lembranças de 1926 até 2006. Impedido de escrever com os próprios punhos, coube a sua filha transcrever para o papel o que era dito por ele.” (WIKIPÉDIA, 2009: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_Porf%C3%ADrio_da_Silva. Acesso no dia 18 de outubro de 2023)
Esculturas de sua autoria encontram-se espalhadas por vários Estados do Brasil, bem como algumas de suas obras, dentre elas alguns livros que tratam sobre poetas populares de Boa Viagem:
“Foi autor de inúmeros cordéis além de publicar obras como Poetas Populares e Cantadores do Ceará (1977), Os Cem Sonetos, O Livro da Cantoria (1997), além de outras como Porque não aprendi a ler, No tempo da lamparina, Eu gostei mais foi do cão, Cantiga da Dorinha e A estátua de Jorge. Escreveu um livro de sonetos e outro sobre as noites de viola na Casa de Juvenal Galeno.” (WIKIPÉDIA, 2009: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_Porf%C3%ADrio_da_Silva. Acesso no dia 18 de outubro de 2023)
Sendo reconhecido poeta popular, escultor, xilogravurista, recebeu das mãos da Condessa Pereira Carneiro, do Jornal do Brasil, menção honrosa especial pelos seus trabalhos como cantor-repentista, sendo considerado um dos principais expoentes da poesia popular cearense, estando o seu nome em um dos verbetes da enciclopédia francesa Delta Larousse.
Mais tarde, já com a saúde debilitada em função de um Acidente Vascular Cerebral – AVC, faleceu aos 86 anos de idade no dia 23 de setembro de 2009 devido a complicações pulmonares de uma silicose causadas pelo constante contato com cimento, material utilizado em suas esculturas.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado por seus familiares no Cemitério de São José, que está localizado na Rua Napoleão Quezado, nº 365, no Bairro da Parangaba, na cidade de Fortaleza.
BIBLIOGRAFIA:
- HAURÉLIO, Marco. Alberto Porfírio, gênio da poesia popular. Disponível em https://marcohaurelio.blogspot.com/2009/09/alberto-porfirio-genio-da-poesia.html. Acesso no dia 18 de outubro de 2023.
- SILVA, Alberto Porfírio da. Noites de Viola na Casa Juvenal Galeno. Fortaleza: LC Gráfica e Editora, 2003.
- WIKIPÉDIA. Alberto Porfírio da Silva. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_Porf%C3%ADrio_da_Silva. Acesso no dia 18 de outubro de 2023.
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