Abel Alves de Morais

Abel Alves de Moraes nasceu no dia 6 de janeiro de 1930 no Município de Boa Viagem, que está localizado no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará, distante 217 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Manoel Brasilino de Moraes e de Joana Alves da Silva.

Imagem de Abel Brasilino, fotografado por Francisco Sousa.

Na época em que nasceu o Município de Boa Viagem não dispunha de uma casa de parto, fato que obrigou aos seus pais a contar com os valiosos serviços de uma parteira na vila do Jacampari, onde passou grande parte de sua infância, passando a residir algum tempo depois em um sítio no território do Distrito do Ibuaçu.

“Durante muitos anos, os únicos profissionais de saúde existentes em nossa região foram às parteiras, mulheres que normalmente recebiam esse aprendizado de forma hereditária, ou seja, a filha de uma parteira acompanhava a sua mãe no atendimento às mulheres em trabalho de parto auxiliando-a de acordo com as necessidades do momento, possibilitando, assim, após algum tempo de prática, o aprendizado para continuidade do ofício.” (SILVA JÚNIOR, 2016: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/saude/. Acesso em 25 de outubro de 2016)

Nessa época, ainda criança, ganhou em sua vizinhança a alcunha de “Brasilino”, herança  de seu avô paterno.
Segundo informações existentes no livro B-02, pertencente ao Cartório Conceição Gomes, 1º Ofício, folha 93, tombo nº 430, foi casado com Iracema Venâncio Moraes, nascida no dia 27 de abril de 1958, com quem gerou sete filhos, três homens e quatro mulheres.

“Vive na sede do município desde 1992… Lamenta não ter ido à escola: ‘tenho desgosto de não ter estudado’, declara com certa resignação. Faz muito tempo que toca rabeca: ‘Era rapazinho novo, casei e abandonei, passei quarenta anos sem violino’. Até que comprou uma nova rabeca feita pelo luthier Edmundo Róseo. Ao longo da vida, teve três rabecas, duas das quais feitas pelo conterrâneo Róseo. O primeiro rabequeiro que viu em atuação foi Severiano, das Águas Belas. Abel ficou apaixonado pela rabeca, mas ‘demorei muito a comprar uma, era pobre demais e não tinha dinheiro’, admite. Uma das rabecas foi comprada de uns paraibanos que plantavam batata perto de onde morava e com quem aprendeu a afinar. Os paraibanos tocavam umas marchinhas e com ela tocou nuns forrozinhos pé-de-serra. Não era uma rabeca bem-acabada, mas dava para fazer um som. Com os reisados do Olho d’Água do Bezerril, aprendeu o baião dos caretas. Tocou para animar as funções do Casemiro Coco, quando um rapaz de Quixadá viajava com a empanada e a mala cheia de bonecos. Era a festa das crianças e o Raimundo Quixadá incorporava o topônimo da cidade natal ao nome artístico. Não se lembra de ter tocado para acompanhar a Dança de São Gonçalo, tampouco nos intervalos dos lances dos leilões da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem. Não chegou a compor, mas tocou nas festas do Algodão, Camará e São Jorge. Faz questão de dizer que ‘não tinha briga, mas uma moedinha velha’. Trabalhou até 2006, ‘quando cheguei aqui, ainda plantava’. Hoje, seu Abel colhe o que plantou e faz da sua rabeca uma companheira das horas de lazer e uma volta nostálgica a um passado que sempre parece ter sido feliz.” (CARVALHO, 2018: p. 27)

Faleceu no dia 17 de dezembro de 2022, sendo sepultado no cemitério do Ibuaçu

BIBLIOGRAFIA:

  1. CARVALHO, Gilmar de. Tirinete – Rabecas da tradição. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2018.
  2. FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
  3. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.

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