A Pedra Encantada

AS INFORMAÇÕES BÁSICAS:

A Pedra Encantada é um sítio arqueológico existente no Município de Boa Viagem, que está localizado no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará, distante 217 quilômetros da cidade de Fortaleza.

Imagem das pinturas rupestres existentes na Fazenda Holanda, em 2006.

Esse sítio arqueológico está listado com a sigla CE-BV 2 do Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos do IPHAN – o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, também denominado de Arquivo Noronha Santos.

COMO CHEGAR AO SÍTIO:

Saindo do Marco Zero do Município, que está localizado no Centro da cidade de Boa Viagem, segue em direção a Rua Deodato José Ramalho, nome urbano da Rodovia Estadual Senador Fernandes Távora, a CE-266, na direção do Município de Tamboril.
A cruzar com a Rua Joaquim Bezerra da Costa Mendes toma direção à esquerda até a localidade que é denominada de Jatobá, daí segue até a localidade de Trapiazeiro, depois Cachoeira dos Vales, passando ao lado da Barragem Presidente Tancredo de Almeida Neves, na localidade de Poço da Cobra.
Da localidade de Cachoeira dos Vales segue até à Fazenda Almas, em seguida passa pela localidade de Trapiá e em uma bifurcação toma-se rumo à esquerda, em direção da vila do Ipiranga, passando pela comunidade da Barra dos Moreiras até o prédio que abrigava à Escola de Ensino Fundamental Francisco Araújo Filho.
Nesse ponto, saindo da estrada principal, entra à esquerda, passando em frente da escola, cruza uma cancela, de onde não dá mais para seguir viagem de carro, apenas de motocicleta, seguindo por mais quatro quilômetros em um caminho em direção da serra, onde depois de abandonar os veículos precisa caminhar a pé por mais dois quilômetros até às pinturas no sopé da serra.

AS CONDIÇÕES DO SÍTIO:

As pinturas desse sítio, que estão localizadas na encosta da Serra da Borracha, estão bastante preservadas, ficando espalhadas nos três lados de um grande bloco de granito, com 17 m de base e 12,7 m de altura.

Imagem do bloco principal, em 2017.

Várias hipóteses podem ser criadas ao observarmos essas pinturas, entre elas é que nesse local fossem realizadas algum tipo de cerimônia, e um dos seus participantes tinha a função de registrar esse fato por meio de pinturas.
Registramos ainda nesse local a existência de uma pequena furna, que provavelmente serviu de abrigo.
Este sítio foi inicialmente cadastrado nos últimos meses de 1971 por uma equipe de técnicos do CIA – o Centro de Informações Arqueológicas, que era comandada pelo Arqueólogo Milton Parnes e tinha por objetivo iniciar o cadastramento total dos sítios arqueológicos existentes no Ceará:

“Os trabalhos de prospecção foram desenvolvidos nos Municípios de Quixeramobim, Quixadá e Boa Viagem, todos na zona fisiográfica do Sertão Central e em Baturité, onde tentou-se uma ação de salvamento de importantes sítios arqueológicos… A numeração de cada um obedeceu convenções já existentes sobre o assunto. Assim, todos os lugares estudados receberam primeiramente a sigla CE, correspondente ao Estado onde foi encontrado, seguindo da área específica e do número propriamente dito.” (SIMÃO, 1996: p. 295)

Algum tempo depois, no dia 5 de novembro de 1977, em uma matéria que foi publicada no Jornal Correio do Ceará, o Pe. José Patrício de Almeida associou esse sítio aos fenícios:

“O Pe José Patrício de Almeida, antigo vigário de Boa Viagem… estudioso da história das civilizações… continua no seu duro labor de pesquisar, visando única e exclusivamente orientar os jovens, esclarecer o povo. Convicto de que os fenícios, em priscas eras estiveram de fato no Brasil e mais precisamente no Ceará, baseia-se seus fundamentos nas inscrições em pedras. Após anos e anos de estudos, não tem mais dúvidas de que suas observações são precisas… passou a interessar-se pela história dos fenícios  ao ouvir, no interior, histórias de agricultores sobre letreiros de índios gravados em pedras. Diz ele: ‘Passei a ler e a ideia de índios evoluiu para fenícios. Graças à leitura das viagens da frota do Rei Salomão adentrando o Atlântico, interessei-me mais pelo assunto. Divulguei as célebres inscrições do Rio Conceição, que possui semelhanças com o epitáfio do Rei Aquirão. E de estudo em estudo, já tenho provas relativamente seguras de que essas inscrições são fenícias’.” (BANHOS, 1977: Disponível em http://fatoshistoricosmundoemdebate.blogspot.com.br/search?updated-max=2017-03-22T18:33:00-07:00&max-results=7. Acesso no dia 1º de julho de 2017)

No dia 28 de junho de 2017 uma equipe comandada pelo Arqueólogo Igor Pedroza, a serviço do IPHAN e em parceria com a Prefeitura de Boa Viagem, representada pelo Prof. Eliel Rafael da Silva Júnior, esteve nesse sítio atualizando os dados existentes e procurando novas evidências arqueológicas.

COMO VOCÊ PODE AJUDAR EM SUA PRESERVAÇÃO:

O ideal seria permanecer com esse local fechado para o público até que os governos organizassem uma estrutura física, logística e de pessoal qualificado para explorar a potencialidade turística dessa região.

Imagem do sítio da Pedra Encantada, em 2017.

Embora percebamos essa urgente necessidade, infelizmente o Governo Municipal não sinaliza nenhuma vontade nesse sentido, e as pessoas vão continuar fazendo essa visita sem nenhum tipo de orientação e responsabilidade. Ao visitar esse local, as pessoas devem estar atentas ao seguinte:

  1. Não se deve fazer nenhum tipo de fogueira que danifique as pinturas;
  2. Não se deve passar o dedo, tinta, água ou qualquer outro objeto para “reviver” a pintura;
  3. Não se deve deixar lixo no local;
  4. Não se deve fazer nenhum tipo de pintura ou desenho no local.

Bom mesmo seria que a associação comunitária da localidade abraçasse a responsabilidade pelo zelo, vigilância e manutenção desse sítio, que teria a sua vida preservada por mais anos.
No presente esse pequeno sítio arqueológico é tombado como patrimônio municipal por meio da lei nº 1.474, de 29 de março de 2022.

AS CARACTERÍSTICAS DO SÍTIO:

  • Nome do sítio: Pedra Encantada.
  • Designação do IPHAN: CE-BV 2.
  • Distância da cidade: 35 quilômetros.
  • País: Brasil.
  • Estado: Ceará.
  • Município: Boa Viagem.
  • Distrito: Ipiranga.
  • Localidade: Fazenda Holanda.
  • Altitude: 442 m.
  • Coordenadas: (S) 05º 15′ 39,6” (W) 039º 54′ 58,8”.
  • CNSA: CE00004.
  • Largura: 10 m.
  • Altura: 12 m.
  • Vegetação: Savana-estépica (Caatinga).
  • Propriedade da terra: Particular.
  • Proteção legal: Federal/Municipal.
  • Lei: 3.924, de 26 de julho de 1961.
  • Tipo de sítio: Arte rupestre.
  • Arte rupestre: Pintura.
  • Deposição: Superfície.
  • Exposição: Ao céu aberto.
  • Ano do registro: 1971.
  • Tombo: Federal/Municipal.
  • Vigilância: Não.
  • Identificação: Sim.

BIBLIOGRAFIA:

  1. AKL, Said. Se o Líbano falasse… Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1971.
  2. BANHOS, Alberto: Os Fenícios  Estiveram Mesmo  nos Sertões do Nosso Ceará. Disponível em http://fatoshistoricosmundoemdebate.blogspot.com.br/search?updated-max=2017-03-22T18:33:00-07:00&max-results=7. Acesso no dia 1º de julho de 2017.
  3. FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
  4. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  5. SCHWENNHAGEN, Ludwig. Fenícios no Brasil. Antiga história do Brasil – De 1100 A.C a 1500. Rio de Janeiro: Cátedra, 1986;
  6. SIMÃO, Marum. Quixeramobim – Recompondo a História. Fortaleza: Multigraf, 1996.

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